OS SENTIMENTOS DE SOLIDÃO E A EXCLUSÃO EM ADOLESCENTES BRASILEIROS
O QUE CABE ÀS INSTITUIÇÕES QUE EDUCAM PARA A PROMOÇÃO DO SEU DIREITO AO BEM-ESTAR?
DOI:
https://doi.org/10.29327/1163602.7-84Resumo
Vivemos tempos marcados por constantes quebras de marcos civilizatórios já construídos pela humanidade tornando cada vez mais urgente a garantia de uma educação em Direitos Humanos na formação de crianças e adolescentes. Respaldados pelo direito a uma educação de qualidade, é condição que as instituições de ensino possam fomentar ações que promovam o bem-estar a toda criança e adolescente. É sabido que desde antes da pandemia da COVID 19 crianças e adolescentes têm manifestado sintomas de sofrimento emocional que foram potencializados durante o momento pandêmico. Tais sofrimentos são manifestados em formas de ansiedade, ideações suicidas, automutilações ou em formas pouco assertivas de resolução de problemas com aqueles com quem se convive. Assim, sentir-se solitário e excluído em grupos sociais tem sido uma realidade vivenciada por muitos jovens que sofrem calados. Torna-se, portanto, condição sine-qua-non que, principalmente, depois da experiência pandêmica vivenciada no mundo, as instituições de ensino estejam preparadas para acolher, intervir em tais manifestações e promover uma convivência positiva em seus ambientes. O fato é que, na maioria das vezes, como aponta a literatura mundial, aqueles que sofrem não buscam ajuda entre adultos. Assim, a presente investigação, um recorte de uma pesquisa sobre sofrimento emocional, objetivou constatar a presença do sentimento de solidão e exclusão entre adolescentes e a quem esses mesmos jovens recorrem para obter ajuda. O instrumento de investigação foi construído a partir de ampla revisão de literatura em forma de questionário com perguntas fechadas, contendo 21 itens relacionados ao sofrimento emocional. A investigação contou com a participação de 1991 adolescentes dos Anos Finais do Ensino Fundamental de escolas públicas brasileiras. Trata-se de uma pesquisa descritiva, quantitativa e de caráter exploratório cujos resultados confirmaram o que indica a literatura internacional ao apontar que os amigos são aqueles aos quais os jovens mais procuram em detrimento de adultos como seus familiares. A pesquisa também apontou o sentimento de solidão e exclusão de grupos sociais mais presente entre as meninas. Tais resultados denotam a profícua e necessária formação de redes de apoio entre os próprios alunos e alunas em escolas como estratégia de promoção do bem-estar como direito humano de jovens brasileiros. A primeira proposta de apoio entre iguais foi construída nos anos 1970 como ferramenta de resolução de problemas de convivência na tradição educativa norte-americana. Posteriormente, o modelo foi proposto nas Ilhas Britânicas e daí por toda a Europa. Um desses modelos tem sido implementado no Brasil desde 2015. Trata-se de um tipo de Sistema de Apoio Entre Iguais (SAI) difundido originalmente na Espanha e adaptado às escolas brasileiras que contam com 898 alunos e alunas membros de Equipes de Ajuda. São meninos e meninas dispostos a cuidar e fazer o bem, como forma de dever e direito daqueles que são, simplesmente, humanos.