UM DIÁLOGO POR UMA JUSTIÇA AMBIENTAL INTERESPÉCIES
DOI:
https://doi.org/10.29327/1163602.7-369Palavras-chave:
justiça ambiental interespécies, animalismo, especismo estrutural, direito animalResumo
Propõe-se no presente artigo dialogar acerca do conceito de justiça ambiente, entendendo a necessidade e construindo instrumentos necessários para sua ampliação a uma análise de justiça ambiental interespécies. Para tanto, partir-se-á do conceito de justiça ambiental apresentado por Selene Herculano (2008), em uma perspectiva ampliada já apresentada pela própria autora mencionada, buscando compreender como a perspectiva de espécie também se configura como fundamental em uma análise estrutural da percepção da justiça. Para tanto, o presente trabalho se configurará a partir de uma pesquisa bibliográfica com concentrada na literatura de justiça ambiental e da perspectiva animalista crítica. Objetiva-se com isso demonstrar que a construção de uma justiça ambiental de fato, que se faça como instrumento de combate a opressões estruturais perpassa a inclusão do paradigma de espécie em seu cerne, se fazendo portanto como uma justiça ambiental antiespecista. Para que seja possível chegar nesse debate, é fundamental que inicialmente possamos debater a inclusão dos animais na teoria da justiça, identificando-nos enquanto pessoas e, portanto, vinculando a eles direitos fundamentais a serem tutelados por toda sociedade. Nesse sentido, apresentar-se-á um rol de direitos que se vinculam a capacidades estabelecidas a esses animais, como proposto por M. Nussbaum (2007). Posteriormente, apresentar-se-á o conceito de especismo estrutural (OLIVEIRA, 2021), entendendo que o especismo se faz não como um instrumento de construção puramente moral, mas enquanto estrutura que garante a opressão de determinados corpos, não-humanos. Isso porque entender-se-á que a perspectiva de justiça interespécie perpassa a visão excludente antrópica centrada no ser humano, sendo assim somente a compreensão de como operam as estruturas de dominação que mantém animais enquanto grupo oprimido seremos capazes de transpor eventuais fronteiras existentes entre a justiça ambiental e a justiça ecológica, permitindo uma ampliação da abrangência da justiça ambiental para uma justiça ambiental interespécie. Contudo, esse trabalho buscará demonstrar também que a condição de espécie se faz como uma das modalidade de opressão que se constItuem dentro de uma perspectiva capitalista, por isso trabalhará o conceito ampliado de justiça ambiental que dialoga também a perspectiva de racismo ambiental, para demonstrar que ampliar a concepção de justiça ambiental para um ideal interespécie deverá se fazer a partir de uma leitura interseccional, uma vez que a compreensão de especismo enquanto mero instrumento de construção moral e, portanto, passível de transformação do ponto de vista individual pode trazer a errônea ideia de que é possÍvel dialogar antiespecismo e, portanto, justiça interespécie sem relembrar que as estruturas que hierarquizem não-humanos também se põe enquanto opressoras humanas.