HISTÓRIA DE MENINAS NEGRAS NA FUNDAÇÃO CASA
Palavras-chave:
Palavras chave: meninas negras, gênero, raça, vulnerabilidade, privação de liberdadeResumo
Este trabalho propõe compreender as histórias de vida das meninas negras classificadas pelo Estado como infratoras da lei, as quais foram sentenciadas à privação de liberdade e encaminhadas para a Fundação Casa no estado de São Paulo. Para este estudo tomaremos como pressuposto o trabalho educativo desenvolvido pela pesquisadora enquanto servidora na referida instituição e as análises das narrativas contadas por meninas negras egressas da Fundação Casa. A pesquisa tem como objetivo compreender, à luz da antropologia social, como as interseccionalidades gênero, raça e vulnerabilidade social se conectam com a privação de liberdade, bem como buscar responder à seguinte pergunta: como meninas negras vivenciam, se percebem e se identificam no espaço adverso da contenção e do confinamento, entre as paredes, os muros, as grades e a contínua vigilância institucional? Para contribuir com este estudo, nos amparamos em alguns documentos que são determinados como diretriz e instituídos como política pública para o trato do tema gênero/raça para execução das medidas socioeducativas Dentre esses documentos estão o ECA, o SINASE, o Caderno do gênero feminino e o Regimento Interno da Fundação Casa. Nos reportaremos também a estudiosos como: Frantz Fanon (1961), Guacira Lopes Louro (2008). Lélia Gonzalez(2015),(2018), David Le Breton (2018), Carla Akotirene (2018), Juliana Borges(2019), Sérgio Adorno (2019), Silvio de Almeida (2018), Angela Davis (2019), Grada Kilomba (2019). Deste modo, este estudo busca preencher uma lacuna percebida nas demais pesquisas no que diz respeito às meninas em privação de liberdade e as dinâmicas punitivistas impostas a elas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que está agregada ao meu olhar, enquanto mulher negra, pesquisadora e servidora da Fundação Casa. Os percursos metodológicos será trilhado com base nos estudos de campo e das narrativas gravadas que em sua relevância prioriza as adolescentes negras as quais geralmente ficam à margem das discussões e dos estudos no segmento da socioeducação e da privação de liberdade, pensar propostas e espaços de diálogo que garantam o direito e a dignidade das meninas negras.