EM DIREÇÃO A UMA CIÊNCIA FEMINISTA
Palavras-chave:
FEMINISMO-GÊNERO-EDUCAÇÃOResumo
Esse trabalho é fruto de uma pesquisa para uma dissertação de mestrado, concluída em 2018. Pensar na possibilidade de uma ciência feminista é também pensar sobre a historicidade da (s) mulher (es), é ponderar a mulher como sujeito e refletir sobre sua forma de se relacionar com o universo e com os Outros de forma dinâmica. É fomentar a construção de saberes que consideram as características das várias formas de ser mulher, bem como as diferenças do advir mulher, de acordo com a sua localização social, considerando raça/etnia e classe. Como romper com esse constructo social da criação do gênero feminino que mantém a mulher como subalterna? A proposta deste trabalho, é caminhar em direção à construção de uma ciência feminista com a finalidade de repensar e de (re) construir a história das mulheres, a própria feminilidade, tornando-a uma história mais plural, rompendo as desigualdades. Dentro da premissa de que a ciência pode romper constructos sociais e promover acesso às conquistas feministas para a toda população, tentaremos ponderar que, através da história da ciência, podemos entender, questões inerentes à vida – como a sexualidade e a construção de papéis sociais como o do homem e da mulher. Por meio do conhecimento de suas peculiaridades sociais, econômicas, ambientais, culturais e o respeito à diversidade, podemos entender os impasses em direção à equidade de gênero e ir além. Dentro desse panorama, pretende-se escutar as demandas das/dos adolescentes do Programa Se Liga na Parada realizado em Santo André (SP), entre 2013 e 2017, programa composto de oficinas de sexualidade e que atuei enquanto psicóloga. Acreditamos que as oficinas de sexualidade e gênero são práticas educativas diferenciadas que priorizam o contato e participação de grupos populares, propondo uma ruptura de saberes hierarquizados, valorizando saberes que se apresentam nas narrativas das/dos adolescentes. As oficinas de sexualidade e gênero do programa “Se Liga na Parada”, retratadas nessa pesquisa, foi uma forma de “identificar e avaliar as iniciativas de educação não-formal em direitos humanos, de forma a promover sua divulgação e socialização”. (PNEDH, 2008,p.44). Essas oficinas tinham por objetivo fazer com que a/o adolescente fosse provocada (o) a pensar sobre a própria sexualidade de uma forma individual. Havia um cuidado em ressaltar que a experiência com o corpo, a identidade de gênero e as formas de viver a sexualidade se davam de maneiras muito subjetivas, únicas para cada sujeito, que não havia um modelo, mas sim que era preciso prestar atenção nos conhecimentos que elas/eles tinham sobre si. E aliávamos os conhecimentos pessoais a esses novos componentes trazidos para discussão, que ao nosso entendimento poderiam promover, indicar direções possíveis para tomadas de decisões mais saudáveis em suas vidas, como uso de métodos contraceptivos, uso de preservativo, respeito ao próprio corpo, respeito aos desejos e limites de cada um, bem como o respeito às diversidades sexuais e à igualdade de gênero.