POLÍTICAS PÚBLICAS INTERSECCIONAS E AS MULHERES NEGRAS DAS COMUNIDADES À LUZ DA OBRA “QUARTO DE DESPEJO

DIÁRIO DE UMA FAVELADA” DE CAROLINA MARIA DE JESUS

Autores

  • Fabiana Kuele Moreira dos Santos Lima Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO

Palavras-chave:

interseccionalidade políticas públicas mulheres negras

Resumo

A obra “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, um relato autobiográfico da autora Carolina Maria de Jesus, apesar de publicada em 1960 e ter retratado o seu cotidiano na favela Canindé em São Paulo em 1950 continua muito atual e trata de um panorama que se perpetua ao longo do tempo – o cotidiano de mulheres negras que são mãe solo e enfrentam vários dificuldades – o que denota certa omissão ou deficiência por parte do poder público que em parte se deve em parte a ausência de uma perspectiva interseccional que considere as necessidades dessas mulheres que formam a maioria das moradoras de comunidades, e que do mesmo modo como abordado na obra considere a ausência de empoderamento econômico, acesso à educação, saúde e bem-estar, moradia digna, segurança e justiça. Considerar aspectos interseccionais é fundamental para o alcance da justiça social, o que envolve a inclusão dessas mulheres em todo processo de formulação, implementação e posterior avaliação das políticas públicas corroborando para o seu fortalecimento enquanto cidadã e para o êxito das ações públicas e mitigação das desigualdades sociais, econômicas e do racismo.  Apesar de mais de seis décadas desde a sua publicação os temas abordados no livro continuam sendo problemas públicos presentes na sociedade atual na maior parte do país, principalmente por retratar questões sociais e políticas de maneira aprofundada diante de temas como exclusão social, racismo, vulnerabilidade alimentar e de moradia, disseminação de doenças em razão da ausência de infraestrutura básica e de acesso a saúde de qualidade e célere, fatores  que atravessam diretamente as mulheres negras que residem em comunidade em razão da não observância de fatores interseccionais como machismo, misoginia, racismo e classicismo, aumentando a sua vulnerabilidade social e do seu núcleo familiar. A metodologia contará com abordagens multifacetadas em razão das diversas questões retratadas, para tanto será necessária uma revisão de literatura extensa com a pontuação dos temas mais relevantes a serem considerados sob um viés interseccional das políticas públicas existentes em contraposição as mazelas abordadas na obra por meio da análise dessas políticas públicas e dos dados quantitativos colhidos previamente durante o transcurso do tempo desde quando a obra foi publicada até os tempos atuais, entretanto, para que seja viável a pesquisa o recorte será aplicado ao estado do Rio de Janeiro. De modo que as hipóteses iniciais buscadas podem ser confirmadas ou refutadas, demonstrando a forma como essas mulheres são atingidas pelas diversas formas de opressão e a insuficiências das políticas públicas vigentes com a finalidade de fundamentar a importância da contribuição de políticas públicas interseccionais para a melhora da vida das mulheres negras na comunidade, bem como a importância de atribuir a elas representatividade nesse processo, sendo certo que os resultados parciais confirmam parte dessas hipóteses iniciais.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On39 - DIREITOS HUMANOS ENTRELAÇANDO ARTE, LITERATURA E POLÍTICAS PÚBLI