O PAPEL COLABORATIVO DOS SUJEITOS DO PROCESSO NAS DEMANDAS ESTRUTURAIS AMBIENTAIS

UMA ANÁLISE PRÁTICA A PARTIR DO CASO DA “AÇÃO CIVIL PÚBLICA DA LAGOA DA CONCEIÇÃO”

Autores

  • Diego Reschette Spagnolli Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
  • Reshad Tawfeiq Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Palavras-chave:

PROCESSOS ESTRUTURAIS, COLABORAÇÃO, PROCESSO CIVIL AMBIENTAL, POLÍTICAS PÚBLICAS, LAGOA DA CONCEIÇÃO

Resumo

A ascensão dos processos de modelo estrutural tem sido notável na prática jurídica brasileira, especialmente no controle de políticas públicas, sob a perspectiva de busca pela tutela de direitos em conflitos de elevada complexidade, e em situações que envolvem diversos polos processuais e centros de interesses diversos. Este peculiar modelo processual se apresenta em diversos litígios ambientais, como o caso da Ação Civil Pública da Lagoa da Conceição - caso já judicializado, em que se enfrenta a grave degradação ambiental de importante lagoa da cidade de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, Brasil - e tem sido justificado, em grande parte, pela omissão dos Poderes (funções) constituídos, transferindo ao Poder Judiciário verdadeiro papel de gestor público, com a incumbência de conduzir a solução democrática ao problema, ao mesmo tempo em que garante a ampla participação dos interessados. No entanto, a prática tem demonstrado desrespeito ao modelo colaborativo e participativo inerente ao controle de políticas públicas, abalando a legitimidade e credibilidade da atuação do Poder Judiciário nestes casos. Diante de tal panorama, tem-se como problemática a ser abordada o questionamento: de que modo o papel colaborativo dos sujeitos do processo e os instrumentos de participação próprios do processo estrutural podem guiar a resolução do litígio estrutural da Ação Civil Pública da Lagoa da Conceição? Assim, o objetivo geral do estudo é identificar e discutir de que maneira tal modelo colaborativo e instrumentos podem servir como paradigma para caminhar para a resolução do litígio citado. Para tanto, o estudo será direcionado a partir do método dedutivo, adotando pesquisa de natureza translacional, com objetivos exploratórios, abordagem qualitativa e pesquisa bibliográfica, documental e de campo, com arranjo metodológico de foco inicial em técnicas de pesquisa indireta, seja de fontes primárias ou secundárias, buscando construir substrato teórico para a detalhada compreensão do tema estudado, e, posteriormente, com a realização de estudo de caso da Ação Civil Pública da Lagoa da Conceição. Tem-se como hipótese inicial que se adotadas as medidas de ampliação do papel colaborativo dos sujeitos, com a aplicação de técnicas de alargamento e qualificação do debate próprias do processo estrutural, então há a capacidade de se dar rumo democrático e adequado à resolução do litígio estrutural ambiental debatido na Ação Civil Pública da Lagoa da Conceição. Espera-se encontrar ao final, portanto, a confirmação (ou não) da hipótese, no sentido de que as técnicas e ferramentas de democratização e participação do processo estrutural podem legitimar e qualificar a atuação do Poder Judiciário no caso.

Biografia do Autor

Diego Reschette Spagnolli, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Assistente de Magistrado no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Mestrando em Direito na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pós-graduado em Direito e Processo Civil. Membro da Associação Brasileira de Estudantes de Direito Processual (ABEDP).

Reshad Tawfeiq, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Professor Adjunto do Curso de Bacharelado em Direito da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Integrante da Carreira do Magistério Público do Ensino Superior do Estado do Paraná e vinculado ao Departamento de Direito Processual. Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito (Mestrado), da UEPG, vinculado à Linha de Pesquisa Teorias e Práticas Jurídicas na Proteção de Direitos Fundamentos e Promoção de Políticas Públicas. Doutor e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da UEPG, área de concentração Cidadania e Políticas Públicas, linha de pesquisa Estado, Direitos e Políticas Públicas. Bacharel em Direito pela UEPG. Atualmente é Coordenador de Estágio Supervisionado do Curso de Direito da UEPG, com mandato para o período de 2022 a 2024. Pesquisa assuntos relacionados ao direito processual civil e à proteção de direitos humanos, fundamentais e promoção de políticas públicas, sobretudo na área socioambiental. Coordenador do Projeto de Pesquisa sobre Impacto das inovações e soluções de tecnologia da informação nos pilares da jurisdição e do direito processual civil e Pesquisador Membro do Grupo de Pesquisa Demandas e processos estruturais, ambos vinculados ao Departamento de Direito Processual da UEPG. Foi Coordenador Geral de Pesquisa do Curso de Direito, Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Direito do Estado e Líder das Linhas de Pesquisa em Direito Processual Civil e Procedimentos Especiais no Processo Civil do Centro Universitário Santa Amélia (UniSecal).

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On38 - PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA CONSTRUÇÃO E JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS