POLITICAS DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

A DESIGUALDADE AINDA É NOSSA MAIOR BARREIRA?

Autores

  • Edilene Souza da Silva Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Palavras-chave:

ACESSO, ENSINO, SUPERIOR, DESIGUALDADE

Resumo

A desigualdade social assenta-se na apropriação privada da riqueza,criando acesso desigual aos meios de sobrevivência e aos rendimentos, assim como aos direitos  sociais e as políticas públicas fundamentais, como saúde,educação, moradia, em suma, as condições dignas de vida, o que tem forçado os jovens de famílias da classe trabalhadora a encontrarem formas de subsistência e integração no mercado de trabalho, muitas vezes antagônicos com as condições mínimas para progredir nos estudos, e poder tornar-se muitas vezes o primeiro a obter o diploma universitário em sua família, como afirma Florestan Fernandes. Ao ter acesso ao ensino superior, os estudantes comumente conciliam estudo e trabalho, devido à necessidade de contribuir para o sustento da família.Só nas últimas décadas, com a criação do PROUNI, é que este segmento da população passou a ter a oportunidade de frequentar ensino superior. A rigor, há pouco tempo que a expansão do ensino médio criou a possibilidade de ampliação do acesso ao ensino superior, ainda que de forma muito seletiva. É a partir dessa perspectiva que a pesquisa ora apresentada tem como objetivo analisar as políticas de acesso ao ensino superior no Brasil entendendo que a  desigualdade social não começa na universidade, porém devido ao seu caráter estrutural, todas as instituições sociais a vivenciam e reproduzem. Nesse sentido, os estudantes que cursam o ensino superior privado, também vêm materializadas as desigualdades que constituem e marcam a sociedade de classes,fato preconizado por Darcy Ribeiro. Os processos de seleção estiveram historicamente comprometidos com um conceito de meritocracia restritos a poucos círculos sociais que contavam com diversas vantagens sociais.De qualquer forma é sabido que os recursos na sociedade não estão disponibilizados de forma suficiente e adequada para atender a todos  cidadãos, fazendo com que somente uma parte deles terá, de fato, o acesso pretendido, o que é muito distante da necessidade de um ensino básico de excelência para todos e um acesso universalizado ao ensino superior, a pesquisa bibliográfica constatou que os processos seletivos de acesso não são apenas instrumentos de inclusão e transformação da sociedade, mas também de controle social que, ao final,também legitimam a desigualdade social, ao individualizar as oportunidades daqueles que ultrapassam as inúmeras barreiras até a inscrição, no caso dos prounistas, após obterem resultados no ENEM favoráveis à obtenção da bolsa compatíveis com o resultado obtido.A pesquisa objetivou identificar e visibilizar alguns pormenores e vicissitudes do processo de permanência de estudantes dos principais programas, para tanto,foi feita a utilização de  dados quantitativos e qualitativos, a fim de ampliar o conhecimento da dinâmica do aluno, incluindo o impacto geral do período da pandemia. Assim, o trabalho de pesquisa buscou mapear o universo do estudante no período compreendido pela pesquisa(2021-2023), compreendendo sua realidade e o aproveitamento dos estudos, mas também as dificuldades e barreiras enfrentadas diariamente.Como resultado preliminar, foi possível confirmar a hipótese inicial de preponderância da desigualdade enquanto maior barreira enfrentada por estudantes universitários, seguido da discriminação racial e das distancias percorridas para chegar aos campus.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO P24 - POLÍTICAS DE EQUIDADE E O TRATAMENTO DOS DIREITOS NOS CAMPOS DA E