HISTÓRIAS DE VIDA E A EXCLUSÃO ESCOLAR DE TRAVESTIS E MULHERES TRANSEXUAIS EM DIFERENTES GERAÇÕES
Palavras-chave:
EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS, GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL, TRANSEXUALIDADE, POLÍTICAS PÚBLICASResumo
A luta dos movimentos sociais pela proteção e garantia dos direitos humanos, em especial dos grupos sociais marcados pela diversidade sexual e de gênero, sejam lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexo ou outros (LGBTQIAPN+) tem buscado a promoção da igualdade de direitos, bem como o respeito à orientação sexual e à identidade de gênero. Embora algumas ações governamentais visem à garantia desses direitos, percebem-se efeitos contraditórios: por um lado, alguns setores sociais lutam pelo respeito pela diversidade sexual; por outro lado, grupos conservadores acirram seus ataques, realizando campanhas de exaltação dos valores tradicionais da família e manifestações de hostilidade, preconceito e violência. Nesse contexto, os estigmas que travestis e transexuais sofrem são decorrentes do rompimento com os modelos previamente dados pela normatização binária, ficando com isso, marcadas negativamente e desprovidas de direito a ter direitos. A pesquisa tem como objetivo geral investigar os processos de exclusão social de travestis e mulheres transexuais, de diferentes gerações, ao longo de suas vidas, em especial durante os períodos da infância e adolescência, com foco na exclusão escolar. Constituem-se como objetivos específicos: coletar as histórias de vida de mulheres transgênero de diferentes idades, por meio de seus relatos orais; analisar os processos de exclusão social presentes nas narrativas dessas mulheres, com foco naqueles vividos durante a infância e adolescência, que levaram à exclusão escolar; discutir a realidade vivida por essas mulheres, à luz dos direitos humanos e das políticas públicas. A pesquisa foi desenvolvida em um município de médio porte localizado no interior do Estado de São Paulo, Brasil. A investigação de campo envolveu a Pesquisa Qualitativa e a metodologia História de Vida, com foco nos relatos orais de seis mulheres transgênero de diferentes idades. Os procedimentos metodológicos envolvem a entrevista não estruturada, na qual cada entrevistada discorreu livremente sobre sua história. As narrativas foram registradas em áudio, transcritas e examinadas pela técnica de Análise de Conteúdo, sendo organizadas por categorias temáticas de acordo com as memórias, que se referem à infância, brincadeiras, família, violência, religião e escola. Além da análise dos relatos e das conexões entre as memórias de cada entrevistada, os resultados foram discutidos à luz dos Direitos Humanos e das políticas públicas instituídas para a comunidade LGBTQIAPN+, passando pelas pautas de diferentes governos, desde a ditadura militar até a atualidade.