TECENDO CAMINHOS PARA SUPERAÇÃO DAS VULNERABILIDADES DE UMA JUVENTUDE PERIFÉRICA NA CAPITAL DO BRASIL, ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO INTEGRAL EM SEXUALIDADE

Autores

  • Patricia Rezende Anderle UNB
  • Flávia Mazitelli de Oliveira UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB

Palavras-chave:

EDUCAÇÃO SEXUAL, JUVENTUDE, VULNERABILIDADES, PROMOÇÃO DA SAÚDE, DIREITOS HUMANOS

Resumo

Objeto: A Educação Integral em Sexualidade (EIS) para promoção da Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR) de adolescentes de uma periferia urbana. Justificativa: EIS nas escolas brasileiras tem se tornado desafio, pois as disputas ideológicas e o neoconservadorismo impedem que temas relacionados à sexualidade sejam abordados de forma programática, impossibilitando o pleno acesso aos direitos sexuais e reprodutivos, especialmente para jovens periféricos, acentuando as desigualdades sociais. A EIS é um direito da juventude​, que proporciona acesso à informação segura, o direito à saúde, à educação e ao desenvolvimento individual pleno, alinhando-se com os princípios dos direitos humanos (DH) e das convenções internacionais. Nas periferias urbanas, a juventude está mais vulnerável às violências e enfrenta violações de direitos humanos, de diversas ordens. Diante do retrocesso e das graves ameaças aos direitos de adolescentes brasileiros, apresentamos dados de uma pesquisa-intervenção realizada em escolas de ensino médio na Ceilândia, periferia do Distrito Federal (DF), ancorada na EIS, sensível às interseccionalidades, como gênero, raça e classe social. Objetivos: promover saúde sexual e saúde reprodutiva (SSR) e contribuir na superação das vulnerabilidades da juventude periférica do DF; construir e validar metodologias participativas para a SSR de adolescentes. Metodologia: Estudo qualiquantitativo do tipo pesquisa-intervenção, através de oficinas fundamentadas no “Arco de Marguerez”, com estudantes e professores do primeiro ano do ensino médio de duas escolas da Ceilândia. A produção dos dados aconteceu mediante triangulação de procedimentos como relatórios e avaliações, diários de campo, registros fotográficos e produtos das oficinas (a exemplo de murais e cartazes), bem como um questionário de avaliação final do projeto, aplicado a professores e estudantes. Hipótese: As metodologias participativas e intervenções baseadas na EIS para a educação em SSR de adolescentes contribuem na promoção da saúde, na prevenção de violências e na superação de vulnerabilidades de adolescentes. Resultados: Os achados indicam que os professores de ambas as escolas reconheciam a relevância do tema e tinham interesse em discuti-lo, assim como relataram aumento de conhecimento após participarem das oficinas. A maioria dos docentes das duas escolas perceberam que o projeto melhorou a qualidade da relação professor-aluno. Contudo, parte de professores de ambas as escolas também afirmou não se sentir segura para abordar o conteúdo. Quase a totalidade dos estudantes manifestou satisfação com o projeto e aumento de conhecimentos. Foi identificado desenvolvimento de habilidades para saúde e bem-estar, como criticidade frente às normas sociais e influência de pares; comunicação e negociação e alfabetização midiática. Em uma das escolas houve combinação de conhecimento, atitudes e habilidades, que revela o êxito da EIS. A partir das percepções dos próprios sujeitos sobre os efeitos e mudanças advindos da pesquisa-intervenção, os resultados obtidos reforçam a importância da inserção da EIS, organizada a partir de metodologias participativas, de forma oficial e programática, incluindo capacitação docente, como estratégia para assegurar os direitos sexuais e reprodutivos de adolescentes e seus direitos humanos. A EIS, sob metodologias participativas, contribui no empoderamento de jovens das periferias, frente às violações de DH e vulnerabilidades que lhes são impostas.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On107 - O DIREITO DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE: REFLEXÕES