A RELAÇÃO URBANO-RURAL E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA E NO TRABALHO DO GESTOR RURAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE PIRACICABA-SP
Palavras-chave:
Commodities, Trabalho, Metropolização, Capitalismo, Agrícola-IndustrialResumo
Ao discutir o planejamento territorial no Estado de São Paulo e seus desdobramentos no setores econômico (commodities) e laboral com enfoque na agricultura, é necessário compreender de que maneira políticas públicas moldam o território e como são necessárias para viabilizar o trabalho do gestor rural. Assim, o recorte geográfico deste estudo foi a Região Metropolitana de Piracicaba (RMP), localizada no interior do estado, pela sua complexa interação rural-urbano a partir do século XIX que impactam nas relações sociais (Pires, 2008), como a incompatibilidade em relação à agricultura de subsistência no embate agrícola-industrial capitalista. A justificativa deste estudo pauta-se na recém alçada região metropolitana pela Lei Estadual n.º 1.360/2021 (São Paulo, 2021). A RMP exemplifica essa tendência, onde a atividade intensiva dos setores sucroalcooleiro e agrícola, além da presença de indústrias, coexistem com um cenário de expansão urbana (FIPE, 2022), ultrapassando os limites físicos das cidades, influenciando e sendo influenciada pelo campo (Wanderley, 2009). Dentre os objetivos, buscou-se analisar de que forma o trabalho e mão de obra do gestor no setor agrícola são abordados no contexto da globalização em meio ao desenvolvimento territorial em prol do direito à “cidade sustentável”, conforme o art. 15 (São Paulo, 2021). Quanto à metodologia, foram utilizados dados do repositório da RMP para análise espacial no software QGIS e das atividades agropecuárias disponíveis no repositório das Regiões de Influências das Cidades 2018 (IBGE, 2018). Em um segundo momento, para analisar o trabalho do gestor, discutiu-se como a ponderação entre o econômico e o ecológico pode afetá-lo na perspectiva da Ergonomia da Atividade e da Psicodinâmica do Trabalho. Os resultados preliminares indicam que há uma tendência na manutenção das atividades agrícolas sobre áreas rurais em detrimento às áreas de preservação ambiental do plano de macrozoneamento proposto para a RMP. Contudo, na seara trabalhista foi possível identificar um novo panorama, posto que a agricultura orgânica, criada em 1920, surgiu como uma opção que prioriza três esferas (ecológica, econômica e social) diante da necessidade de solucionar os danos ambientais e mau uso dos recursos naturais (IPCC, 2007), assim como pela intoxicação de trabalhadores rurais (Castro, 2006), pela agricultura convencional. Ainda, a sustentabilidade ecológica proporciona uma diversidade muito grande para o trabalho dos gestores: “funções administrativas de planejamento, organização, direção e controle em todas as áreas: produção, manutenção, finanças, recursos humanos e comércio” (Gemma, Tereso, Abrahão, 2010). Todavia, o gestor é responsável por equilibrar os princípios em práticas agrícolas na incompatibilidade entre os interesses ecológicos e econômicos, situação na qual pode surgir o “sofrimento ético” (Dejours, 2019, p. 65) por corroborar com atos que reprova moralmente, como priorizar o mercado em face da sustentabilidade para sua subsistência diante da falta de tecnologia adequada, de recursos financeiros e de assessoria técnica (Gemma, Tereso, Abrahão, 2010). Assim, a metropolização do espaço traz mudanças na ordem espacial e nas relações urbano-rurais, vislumbrando na necessidade de criação de políticas públicas que garantam a identidade da região e sua articulação com a agricultura sustentável (máquinas, assessoria, etc), evitando o “sofrimento ético” do trabalhador gestor.