A LUTA DESIGUAL PARA INSERIR A MULHER COM DEFICIÊNCIA NA POLÍTICA

Autores

  • Ana Candelmo UFSC Universidade Federal de Santa Catarina NED

Palavras-chave:

MULHER COM DEFICIÊNCIA; CUIDADORAS; ACESSIBILIDADE; ESPAÇOS DE PODER

Resumo

Atualmente muito se fala em empoderamento feminino e a importância das mulheres nos espaços de poder e decisão, afinal, os números e recortes demonstram o tamanho do machismo, a violência e a discriminação na sociedade, que se sobrepõem. Mais escura a pele, mais difícil será. Se mãe, aumenta a dificuldade. Se não cis e hetero também e, se tiver deficiência ou mãe de pessoa com deficiência, as portas se fecham. Segundo os dados PNAD Continua (2023) , temos cerca de 18,6 milhões de brasileiros que possuem alguma deficiência. A maioria são mulheres, dentre elas, a maioria, negra. Como empoderar essa mulher e colocá-la nos espaços de poder? Como colocá-la em posição de decisão enquanto ela ainda luta pelo mínimo e para poder existir? Nossa sociedade invisibiliza uma grande parcela da sua população, colocando-a como não existente. Então, como criar espaço para essas mulheres? Na política, analisando os dados apresentados pela União InterParlamentar , observa que embora tenhamos avanços, havendo mais mulheres na política (timidamente), também há aumento de violência, perseguição e esgotamento (físico e mental). Falando de acesso de mulheres na política, no recorte mulheres com deficiência, o quadro é pior. Há diferenciação de valores recebidos por fundos partidários no Brasil, salvo raríssimas exceções (vide TSE ). A legislação eleitoral atual não difere gastos por necessidades específicas, criando mais barreiras para mulheres com deficiência, impossibilitando o rompimento da barreira da acessibilidade eleitoral. No Brasil, campanhas eleitorais têm se tornado muito forte nas redes sociais, mas não substitui o contato pessoal com o eleitorado, pois há barreira de extensão continental e barreiras sociais causadas pela imensa desigualdade social. Parte da população não tem acesso as redes sociais, impossibilitando campanha amparadas somente nessas redes. Nem todas as pessoas com deficiência locomotora possui um veículo acessível, e o valor do fundo eleitoral não pode ser utilizado para aluguel de veículo acessível, caso este veículo seja utilizado pela candidata. Com pouco valor, combinado com dificuldade de acesso as regiões mais periféricas e as comunicações acessíveis, vemos as barreiras se aumentando nas campanhas. Tais barreiras reduzem a participação de mulheres com deficiência, as tornando apenas meras participantes de “palco” para políticos que utilizam a imagem delas apenas para agregar a ideia de ser um candidato ou partido inclusivo, mas atuando de maneira oportunista e capacitista. A alteração de leis para incluir na política de cotas as pessoas com deficiência pode sim reduzir os impactos das barreiras atuais. Deve incluir nesse rol, mães cuidadoras, que precisam para campanha, também apoio para acompanhamento de outra pessoa que necessita de cuidados especiais e muitas vezes não pode ficar sem ela, pela impossibilidade de se relacionar com terceiros. Uma política inclusiva e democrática, vem através da participação ativa da sociedade diversa, perpassando todas as suas individualidades. Na pesquisa utilizamos o método descritivo, bibliográfico, de cunho dedutivo.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On110 - MULHERES E DEFICIÊNCIA: DESAFIOS DAS MULHERES COM DEFICIÊNCIA E