ENTRE NÓS E FIOS DO DIU
INTRA-AÇÕES MATERIAL-DISCURSIVAS
Palavras-chave:
DISPOSITIVO INTRAUTERINO DIU, TECNOBIODISCURSO, ARQUEOGENEALOGIA, NEOMATERIALISMOS, INTRA-AÇÃOResumo
Nesta fala, defendo o que chamo de dispositivo microprotético DIU (de minha pesquisa de mestrado concluída em 2021 e publicada em artigos em 2023) para pensar, em caráter propositivo e provocativo da atual pesquisa de doutoramento, a materialidade agentiva desse dispositivo que, tecnobiodiscursivamente, hibridiza o natural e o tecnológico, o discursivo e o não discursivo e o político, circunscrevendo algumas das discussões novos materialismos. Considerando o desconforto analítico de quando os estudos discursivos se esbarram com coisas, objetivo expor parte do que venho pesquisando de um traçar que defende cuidadosamente uma análise neomaterialista dos discursos de mulheres cisgênero adeptas ao Dispositivo Intrauterino DIU (tanto o de cobre quanto o hormonal) e uma intra-ação deste. Para isso, articulada a uma arqueogenealogia foucaultiana sem hierarquias intra-ativas, esta pesquisa detém-se, metodologicamente, a seguir dois fios que fazem parte desse emaranhado de costuras. O primeiro que, apontando para as costuras propositivas de uma análise neomaterialista dos discursos – sempre em fazer-com Butturi Junior e Camozzato (2023) –, salvaguarda a articulação entre conceitos foucaultianos (como discurso, enunciado, dispositivo, dispersão e formação discursiva) e conceitos estimados ao realismo agencial de Karen Barad (sobretudo, de difração e intra-ação), ao poder-coisa (thing-power) de Jane Bennett e aos imbróglios em simpoiese e em costuras em barbante de escritos compostos e pós-feministas de Haraway. E, o segundo, nesse emaranhado de coisas, volta-se, nesta fala, para parte de algumas análises e um caminhar embrionário de: algumas análises de amostras discursivas coletadas na pesquisa de mestrado (as entrevistas já realizadas) (Silva, 2021). Em notas conclusivas, por ora, é válido manifestar que a ideia aqui, por ser inicial, é provocativa não no sentido de categorizar ou estabilizar o dispositivo microprotético e intra-ativo DIU como coisa isolada, mas sim de fomentar essa problemática posta para a análise neomaterialista dos discursos que, em posição naive, considera a agência distributiva das coisas e o devir com muitos.