EXPERIMENTAÇÕES E NARRATIVAS DISSIDENTES NO ANTIGO DOPS- MG

ARQUITETURA E MEMÓRIA LGBT EM BELO HORIZONTE

Autores

  • Marina Gomes da Silva Telles UFMG

Palavras-chave:

LGBTQIA , arquitetura, justiça de transição, direitos humanos, memorial de direitos humanos

Resumo

Essa investigação é parte do trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais. Pretende-se estabelecer relações entre espaço construído, memória, arte e política mediante uma proposta para ocupação do edifício sede do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de Minas Gerais, localizado na região centro-sul de Belo Horizonte. O ano de 2024 marca seis décadas em que ocorreu o golpe militar, e uma série de valores conservadores reforçados durante o período da ditadura permanece refletida na realidade da política e do tratamento da memória no Brasil. Quando uns usufruem do passado enquanto um mecanismo a serviço da oficialização de seus discursos e apagamento/invalidação de discursos antagônicos, a decisão sobre o que é ou não digno de ser rememorado fica à mercê dos interesses dos sistemas político e econômico vigentes. Anteriormente associado a graves violações de liberdades e direitos fundamentais, o antigo edifício do DOPS é atualmente tombado e está em vias de se tornar um Memorial de Direitos Humanos, de maneira semelhante ao ocorrido com o atual Memorial da Resistência em São Paulo. Partindo de uma curiosidade acerca das narrativas ainda pouco visibilizadas, do discurso e controle moral estabelecido pelos militares e das potencialidades de resistência observadas nos locais de sociabilidade operantes na época, recorre-se a proposições transdisciplinares a partir das narrativas coletadas pelo pesquisador Luiz Morando acerca de locais diversos frequentados por homossexuais em Belo Horizonte no período. Desse modo, essa pesquisa viabiliza conexões teóricas e físicas entre o ramo da Arquitetura e Urbanismo -representados tanto pela materialidade e imaginário construído a respeito do edifício do DOPS quanto pela apropriação do espaço urbano belo-horizontino por narrativas LGBTQIA+, e outras disciplinas aparentemente distintas, mas de importância equivalente, como o Direito, a Arqueologia, a Museologia e a Arte. Portanto, o estudo em questão visa compreender as políticas de controle dos corpos e sexualidades comuns à ditadura e sua reverberação no contexto contemporâneo; analisar as relações entre o processo de utilização do espaço e as práticas queer durante a ditadura e compreender a relação entre arte e política para a reconstrução de um imaginário coletivo acerca dessas práticas. Objetiva-se uma confabulação de imagens atreladas a esses espaços queer, que possibilita vislumbrar alternativas para concepções de locais de memória (especialmente as potencialidades de locais atrelados à violação de direitos humanos) para reparação de vítimas e familiares. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica acerca do pensamento queer, da história da comunidade LGBTQIA+ no Brasil durante a Ditadura e da utilização da arte enquanto uma das ferramentas para viabilização justiça de transição no Brasil.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On119 - DIREITOS HUMANOS NAS PERSPECTIVAS DE GÊNERO, ORIENTAÇÃO SEXUAL