ESPACIALIDADE E TEMPORALIDADE DA PESSOA COM DEFICIENCIA VISUAL, POR UM OLHAR COM CUIDADO
DOI:
https://doi.org/10.29327/1163602.7-362Palavras-chave:
Deficiência Visual; Fenomenologia; Cuidado heideggeriano; Espacialidade; TemporalidadeResumo
O presente resumo expõe uma pesquisa na qual se tem por objetivo compreender os modos pelos quais a pessoa com deficiência visual vivencia a espacialidade e a temporalidade. Para tratar a inclusão social e educacional, considerando-se o reconhecimento, o cuidado e a valorização da diferença, vamos trazer o conceito de cuidado em uma perspectiva heideggeriana. A inclusão, segundo a UNESCO, é um processo, o que indica que ela deve ser entendida em continuidade, como uma interminável busca por melhores maneiras para responder às diferenças. Voltar-se para a inclusão, portanto, é colocar o “foco” na pessoa e buscar modos de compreender a diferença, de valorizar a pessoa humana reivindicando seus direitos e exigindo-se políticas públicas de respeito à diversidade., o que envolve a interpretação e a compreensão de informações de uma ampla variedade de fontes, visando melhorias na política e na prática; inclusão é sobre presença, participação e realização de todos os alunos. A “presença” traz o local onde as crianças são educadas e como elas comparecem de maneira particular e coletiva; “participação” refere-se à qualidade de suas experiências enquanto elas estão juntas e, portanto, deve incorporar as suas opiniões, e “realização” refere-se aos resultados da aprendizagem ao longo do currículo, não apenas aos resultados de testes ou exames, mas o que se evidencia no fazer cotidiano. (UNESCO, 2005). Mas qual o cuidado que se tem para com sua presença, participação e realização? Para tratar o tema da inclusão, considerando a perspectiva do cuidado, desenvolvemos uma pesquisa de abordagem qualitativa e na postura fenomenológica. Entendemos, com Husserl (2006), que essa postura permite que nos voltemos para um fenômeno que sempre nos é dado segundo um modo de doação ou perspectiva. Seguindo o rigor fenomenológico buscamos o sentido do que se mostra à compreensão, descrevendo e analisando a vivência junto a pessoa com deficiência. O referencial teórico assumido é, principalmente, a Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty, especificamente no que diz respeito ao significado de espacialidade e temporalidade como vivências da pessoa. A interrogação que irá orientar nossa busca volta-se para o como, isto é, para o modo pelo qual, a pessoa com deficiência visual vivencia sua espacialidade e temporalidade. Consideramos que é importante essa investigação se entendermos que ser professor significa preocupar-se com o ser do aluno, como afirma Bicudo (1987). Segundo essa autora, ao professor cabe analisar quem é o seu aluno, essa pessoa a quem ele está tentando ajudar a aprender algo. Ou seja, é próprio do ser professor a preocupação com “o ser do ser do homem” (Bicudo, 1987, p. 48) e, para isso, o cuidado heideggeriano é importante para compreender esse aluno como um ser subjetivo, como pessoa singular e respeitar sua individualidade.