O PROCESSO DE REIFICAÇÃO DA PESSOA QUE PADECE DE TRANSTORNO MENTAL À LUZ DA TEORIA DO RECONHECIMENTO DE AXEL HONNETH

Autores

  • Renata Rodrigues dos Santos Ribeiro Universitat Autònoma de Barcelona e Université de Perpignan Via Domitia

Palavras-chave:

DIREITOS HUMANOS, DIREITO INTERNACIONAL, SAÚDE MENTAL, REINSERÇÃO SOCIAL, AXEL HONNETH

Resumo

A presente investigação transdisciplinar encontra guarida na seara do direito internacional dos direitos humanos. A pesquisa possui como objeto de estudo breves reflexões sobre o processo de reificação da pessoa que padece de transtorno mental. Uma temática deveras evidenciada no cenário pós-pandêmico, sobretudo pelos efeitos deletérios do aumento em 25% da prevalência global de ansiedade e depressão, transtornos responsáveis, ainda, pela perda anual de 12 bilhões de dias de trabalho (OIT). Por meio de uma metodologia bibliográfica e documental, almeja-se demonstrar que as vicissitudes de reinserção social da pessoa que padece de transtorno mental representam um déficit jurídico, sociológico e psicanalítico à luz da teoria do reconhecimento de Axel Honneth. Suscita-se como hipótese de trabalho que o processo de reificação da pessoa que padece de transtorno mental obsta o pleno gozo do direito à autonomia de vida, à  inclusão na sociedade e à participação na vida comunitária, anunciados no artigo 15 da Carta Social Europeia e reforçados pelo artigo 19 da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Na mesma esteira, o soft law do Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU) evidencia em seu Comentário Geral nº 5 (autonomia de vida e inclusão na sociedade) o problema recorrente do abandono, da institucionalização, do isolamento e da segregação de pessoas com deficiência, o que eleva o custo da exclusão social pela perpetuação da situação de dependência e pelo entrave ao exercício das liberdades individuais. Os resultados preliminares aduzem a existência de verdadeiras “patologias sociais” em torno do transtorno mental, um meta-diagnóstico que compromete a relação harmoniosa entre os indivíduos pela disfunção das três esferas de reconhecimento: amor, direito e estima social. Dito isto, a discussão em torno da luta pelo reconhecimento busca, assim, reconciliar o indivíduo e a sociedade, o mental e o social, num verdadeiro processo de abertura da sociedade para a sua própria diversidade.

Biografia do Autor

Renata Rodrigues dos Santos Ribeiro, Universitat Autònoma de Barcelona e Université de Perpignan Via Domitia

Doutoranda em "Seguretat Humana i Dret Global" na Universitat Autònoma de Barcelona (Espanha) em cotutela com a Université de Perpignan (França). Membro da Sociedade Européia de Direito Internacional. Mestre em Direito Público pela Université de Perpignan (França). Especialista em Direito Franco-Espanhol pela Universitat de Girona e Université de Perpignan. Especialista em Direito Internacional pela UniBF. Graduada em Direito pela Universidade Federal do Maranhão. Graduada em Gestão Pública pela Estácio. Advogada inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil (MA). Servidora pública federal do Ministério da Educação do Brasil (IFMA).

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On118 - GEOPOLÍTICA, DIREITOS HUMANOS E SISTEMAS DE JUSTIÇA