A VIOLÊNCIA ESCOLAR SOB A ANÁLISE DA ESCOLA DE CHICAGO
Palavras-chave:
ESCOLA DE CHICAGO, CRIMINOLOGIA, VIOLÊNCIA ESCOLAR, POLÍTICAS PÚBLICAS, JUVENTUDEResumo
Presente em muitas instituições, a violência também se encontra nas escolas. Ao redor do mundo, somente no ano de 2023, foram registrados 333 ataques violentos a escolas. Apesar de a grande maioria se concentrar nos Estados Unidos da América (288 casos), observa-se uma difusão de ataques em escala mundial: foram contabilizados 8 casos no México, 6 casos na África do Sul, 5 casos na Índia e 4 casos na Nigéria, entre outros países afetados. E, de acordo com dados reunidos pelo Instituto Sou da Paz, desde 2002 ocorreram no Brasil 25 atentados em escolas, somando 46 mortes e 137 feridos. Ocorre que a escola exerce um papel de socialização fundamental na formação das crianças e dos adolescentes, de modo que se faz necessária a análise de tal fenômeno comportamental a partir das contribuições advindas da Escola de Chicago, que é capaz de analisar os fatores potencializadores de diversos problemas sociais. Até mesmo porque, a partir da Escola de Chicago, inaugurou-se um novo campo de pesquisa sociológica, centrado exclusivamente nos fenômenos urbanos, sobretudo no campo comportamental, ou seja, em como o indivíduo age em sociedade depois da explosão demográfica nos grandes centros urbanos. Surge, então, a chamada criminologia ambiental, na qual se verifica que o meio social pode ser o causador ou o incentivador do crime e do criminoso. E nesse contexto de expansão demográfica, a escola, como uma instituição tradicional, acaba sendo afetada quando floresce em cenário de aflita violência urbana e desorganização social. Assim, nos locais urbanos onde há maior incidência de criminalidade, incide a redução da capacidade das escolas em exercer o controle social direto e indireto sobre os jovens, bem como de dirigir ações de conformidade destes últimos para com a sociedade convencional, gerando um desajuste de tal instituição ao nível de comunidade. Desse modo, desvantagens estruturais onde determinadas escolas estão inseridas nos centros urbanos se relacionam com o aumento da delinquência e da criminalidade jovem, especialmente dentro do próprio ambiente escolar, de modo que a escola passa a se tornar uma frágil estrutura de valores das instituições tradicionais, incapaz de promover uma via de inserção segura e monitorada na vida adulta. Para a realização do presente estudo, foi realizada uma pesquisa documental com apoio de revisão bibliográfica sobre a violência escolar sob a ótica da Escola de Chicago, utilizando, para tal, o método dedutivo, por meio da qual foi observado o impacto que ambientes degradados ocasionam no grupo de jovens e anulam a ação de instituições sociais convencionais no controle social, como a própria escola, que passa a se tornar vítima desse contexto criminológico. Conclui-se que esse cenário demanda a urgente intervenção do Estado, por meio de projetos de renovação urbana, uma vez que, sob a ótica da Escola de Chicago, a violência escolar é um caso de políticas públicas, cujo objetivo não se limita a prever e remediar a violência em si, mas, principalmente, de retomar a escola como um efetivo instrumento de controle social.