A VIOLÊNCIA ESCOLAR SOB A ANÁLISE DA ESCOLA DE CHICAGO

Autores

  • Beatriz Soranzzo Motta Pontifícia Universidade Católica de Campinas
  • Fernanda Carolina de Araujo Ifanger Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Palavras-chave:

ESCOLA DE CHICAGO, CRIMINOLOGIA, VIOLÊNCIA ESCOLAR, POLÍTICAS PÚBLICAS, JUVENTUDE

Resumo

Presente em muitas instituições, a violência também se encontra nas escolas. Ao redor do mundo, somente no ano de 2023, foram registrados 333 ataques violentos a escolas. Apesar de a grande maioria se concentrar nos Estados Unidos da América (288 casos), observa-se uma difusão de ataques em escala mundial: foram contabilizados 8 casos no México, 6 casos na África do Sul, 5 casos na Índia e 4 casos na Nigéria, entre outros países afetados. E, de acordo com dados reunidos pelo Instituto Sou da Paz, desde 2002 ocorreram no Brasil 25 atentados em escolas, somando 46 mortes e 137 feridos. Ocorre que a escola exerce um papel de socialização fundamental na formação das crianças e dos adolescentes, de modo que se faz necessária a análise de tal fenômeno comportamental a partir das contribuições advindas da Escola de Chicago, que é capaz de analisar os fatores potencializadores de diversos problemas sociais. Até mesmo porque, a partir da Escola de Chicago, inaugurou-se um novo campo de pesquisa sociológica, centrado exclusivamente nos fenômenos urbanos, sobretudo no campo comportamental, ou seja, em como o indivíduo age em sociedade depois da explosão demográfica nos grandes centros urbanos. Surge, então, a chamada criminologia ambiental, na qual se verifica que o meio social pode ser o causador ou o incentivador do crime e do criminoso. E nesse contexto de expansão demográfica, a escola, como uma instituição tradicional, acaba sendo afetada quando floresce em cenário de aflita violência urbana e desorganização social. Assim, nos locais urbanos onde há maior incidência de criminalidade, incide a redução da capacidade das escolas em exercer o controle social direto e indireto sobre os jovens, bem como de dirigir ações de conformidade destes últimos para com a sociedade convencional, gerando um desajuste de tal instituição ao nível de comunidade. Desse modo, desvantagens estruturais onde determinadas escolas estão inseridas nos centros urbanos se relacionam com o aumento da delinquência e da criminalidade jovem, especialmente dentro do próprio ambiente escolar, de modo que a escola passa a se tornar uma frágil estrutura de valores das instituições tradicionais, incapaz de promover uma via de inserção segura e monitorada na vida adulta. Para a realização do presente estudo, foi realizada uma pesquisa documental com apoio de revisão bibliográfica sobre a violência escolar sob a ótica da Escola de Chicago, utilizando, para tal, o método dedutivo, por meio da qual foi observado o impacto que ambientes degradados ocasionam no grupo de jovens e anulam a ação de instituições sociais convencionais no controle social, como a própria escola, que passa a se tornar vítima desse contexto criminológico. Conclui-se que esse cenário demanda a urgente intervenção do Estado, por meio de projetos de renovação urbana, uma vez que, sob a ótica da Escola de Chicago, a violência escolar é um caso de políticas públicas, cujo objetivo não se limita a prever e remediar a violência em si, mas, principalmente, de retomar a escola como um efetivo instrumento de controle social.

Biografia do Autor

Fernanda Carolina de Araujo Ifanger, Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Professora titular categoria A1 da PUC-Campinas. Membro do corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Direito (PPGD) da PUC[1]Campinas. Orientadora de mestrado. Professora da disciplina Direito Penal na Faculdade de Direito da PUC-Campinas e das disciplinas "Seminários Avançados de Pesquisa 3" e "Sociedade de Controle Social" no Mestrado em Direito da PUC[1]Campinas. Doutora em Direito pela Universidade de São Paulo (2014), mestre em Direito pela Universidade de São Paulo (2010), Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2006). Foi professora assistente (voluntária) na Graduação em Direito da USP, trabalhando com o Professor Sérgio Salomão Shecaira (PAE-CAPES), nas disciplinas Direito Penal III (Parte Especial) e Criminologia I e II. Atua na linha de pesquisa "Direitos Humanos e Políticas Públicas", principalmente em temas envolvendo Direito Penal, Criminologia, Direitos Humanos e Legislação Juvenil. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5457771059463212. ORCID-ID: https://orcid.org/0000-0002-1072-5545. E-mail: fe_carolina@uol.com.br.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On56 - DIREITOS HUMANOS, GRUPOS VULNERÁVEIS E VIOLÊNCIAS