DESVER PARA REVELAR
VIDEOPERFORMANCE E ACESSIBILIDADES POÉTICAS
Palavras-chave:
videoperformance;, acessibilidade;, audiodescrição, legendaparasurdos, artivismoResumo
Performar de olhos vendados possibilita escapar dos caminhos costumeiros, desvendo corpos e revelando espaços. Romper com a linha rotineira da normatização dos corpos, pensar no plural corporeidades, possibilita que cada indivíduo se reconheça como parte da sociedade. No campo das artes da cena, minha proposição é através de um videoperformance, criar interfaces da deriva performativa com o campo da acessibilidade, disseminando a fruição da arte para todes. E para isso, os recursos de audiodescrição, tradução do meio visual para as palavras, voltada para o público com deficiência visual e, a legenda para surdos e ensurdecidos, com marcadores de fala e sons, são incorporadas na construção do trabalho artístico de forma poética. A medida que a acessibilidade passa a fazer parte de forma transversal na pesquisa, uma nova face se revela, a relação ética e estética. Esse fazer artístico e acadêmico se inspira no termo cunhado por Paulo Freire “ser a corporeificação da palavra pelo exemplo”. Penso em ampliar seu significado corporeificando oque há de acessível e inacessível à minha volta, circunscrita à pesquisa no campo expositivo e seu entorno. Digo isso pois a corporeificação estrapola as obras de arte e, como um "campo ampliado”, conceito de Rosalind Kraus, abarca a natureza no entorno. Neste caso, as duas fases práticas dessa pesquisa que se encontra em andamento realizadas até agora são: na Itália, o Museo Tatile Statale Omero e as praias de Ancona e Venezia; como no Brasil, na Pinacoteca Benedito Calixto e a praia de Santos. A importância dessa pesquisa se dá no campo do artivismo, prática artístico-cultural com reverberações sócio-políticas. Quando o público em geral entra em contato com os recursos de acessibilidade inseridos de forma poética no vídeo os aproxima de uma nova realidade, vivida pelas pessoas com deficiência. Corporeificando o mundo à minha volta de olhos vendados e sem venda convido o público geral a deslocar do seu lugar comum e experimentar o lugar do outro. Ao mesmo tempo, os recursos de acessibilidade inseridos de forma poética aproximam o público da realidade da pessoa com deficiência, inspirando a se sentirem parte da obra e amplia seu conhecimento geral no campo das artes. Levanto dois aspectos que estão sendo valorizados nesta pesquisa: no campo dos Direitos Humanos o artigo 27/1. “Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios”; como também o objetivo 4, da Agenda 2030, "Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos." Pretendo compartilhar esse videoperformance na Biennale Arteinsieme, esse ano de forma remota, que acontecerá no segundo semestre de 2021 e, no Brasil, no final do ano de forma presencial, tomando os devidos cuidados por conta da pandemia do novo coronavirus.