ENTRE PEDROS E BALAS
UMA ANÁLISE ACERCA DA MISERABILIDADE SOCIAL E A MARGINALIZAÇÃO DOS CAPITÃES DA AREIA , DE JORGE AMADO
Keywords:
Capitães da Areia, Direito e Literatura, MarginalizaçãoAbstract
Inicialmente, o presente artigo tem por objetivo analisar a obra Capitães da Areia, do romancista Jorge Amado, a partir da ótica da miserabilidade social vivida pelos meninos de rua, os quais se denominam capitães da areia e vivem na constante fuga da fome e da miséria. Na obra, é possível perceber a crítica feita pelo autor ao abandono social e a marginalidade que meninos de rua enfrentam na tentativa de sobrevivência. Pedro Bala, líder e herói dos meninos de rua, filho de um comunista assassinado por razões políticas, tem em seu sangue a luta e a persistência. Menino que todos recorrem para resolver problemas, porta-se não como um menino qualquer, mas sim como o líder de um povo, do qual arrisca sua vida e liberdade por estes. Bala, herói e líder, tem em mente sempre maneiras de conseguir manter seus meninos, que são a família que não teve a oportunidade de ter. Interessante a demonstração das diversas passagens das quais os meninos, capitaneados por Pedro Bala, precisam se arriscar entre a morte e a miséria para sobreviverem e conseguirem comida. São tantos os personagens que cercam a trama e apresentam suas personalidades, sempre rodeadas pela miséria. Sem Pernas, menino deficiente e abandonado pelos pais e pela sociedade, em certo momento da trama consegue ser adotado por uma família com boas condições financeiras e entra, no que será dos pontos mais importantes para o presente artigo, no embate psicológico entre permanecer com a família ou aplicar o golpe e voltar às ruas como um dos Capitães da Areia. Nesse ponto, se dá o ápice do que pretende ser analisado, o conflito entre o que deveria ser uma infância com suporte familiar e a realidade de meninos de rua que são marginalizados e abandonados à própria sorte, sem suporte familiar e estatal. Por fim, a partir do contexto apresentado, utilizando de uma metodologia quantitativa e qualitativa, será abordada a miserabilidade social e a marginalização dos Capitães da Areia na obra de Jorge Amado, demonstrando a partir da trama os reflexos e as críticas à sociedade, considerando a sociedade brasileira atual e o abandono estatal e familiar aos jovens que precisam sobreviver nas ruas.