HERBERT MARCUSE E ACHILLE MBEMBE
NOTAS SOBRE A DESSUBLIMAÇÃO REPRESSIVA E A NECROPOLÍTICA
Keywords:
Dessublimação Repressiva; Industria Cultural; Necropolítica; Indivíduo; Atualidade.Abstract
O objetivo deste trabalho é abordar o conceito de dessublimação repressiva de Herbert Marcuse (1979) e de necropolítica de Achille Mbembe, (2021) buscando apreender como a barbárie estética dos meios de comunicação, nas dimensões da arte e da cultura, se faz presente no contexto social contemporâneo. Dessa forma, estamos diante de um processo em que o desenvolvimento da produção e reprodução midiática, no atual contexto, imprime a sensação de aparente liberdade política, econômica e moral. A liberdade de fato autônoma, de usar o próprio entendimento, kantianamente expressando, tem cada vez mais se reduzido à esfera da vida privada, uma vez que as escolhas precisam ser adequadas às necessidades e exigências do sistema de produção. Marcuse (1979, p.82) demonstrou que: “Alienação artística é sublimação. Cria as imagens de condições que são irreconciliáveis com o Princípio da realidade, mas que como imagens culturais, tornam-se toleráveis, até mesmo edificantes e úteis. Agora essas imagens mentais estão invalidadas. Sua incorporação à cozinha, ao escritório, à loja; sua liberação para os negócios e a distração é, sob certo aspecto, dessublimação – substituindo satisfação mediata por satisfação imediata”. Para Mbembe (2018, p.24) “O terror não está ligado exclusivamente à utópica crença no poder irrestrito da razão humana. Também está claramente relacionado a várias narrativas sobre a dominação e a emancipação apoiadas majoritariamente em concepções sobre verdade e o erro, o “real” e o simbólico herdados do iluminismo”. Considerando-se as distintas concepções desses dois autores, a presente análise será realizada por meio de uma pesquisa bibliográfica, com base na concepção dialética da Teoria Crítica frankfurtiana, em especial na perspectiva de Marcuse, e na obra do filósofo, teórico político e historiador camaronês Achille Mbembe. O sentido de emancipação exige que a cultura e a arte desempenhem o papel de superar a persistente fetichização da técnica e a reificação das consciências, que se materializam, enfaticamente e sem medida, nas relações de produção e de consumo. Contudo, o indivíduo acaba sendo seduzido por esse processo de inculcação de ideologias e novas formas de pensar e ver o mundo, voltadas para a adaptabilidade e conformidade. Trata-se da promessa de felicidade oferecida pela comercialização de bens culturais, num contexto em que a inserção social do indivíduo depende de sua identificação com os valores e produtos transformados em mercadoria, cuja necessidade de consumo é imposta pelos apelos da Indústria Cultural.