DISCURSOS ANTIDIREITOS E ANTIGÊNERO
A CONSTRUÇÃO DA FIGURA FEMININA PELA DIREITA BRASILEIRA
Keywords:
ANTIFEMINISMO; DIREITA BRASILEIRA; REDES SOCIAIS; DIREITOS HUMANOS; GÊNEROAbstract
Neste trabalho, nos propomos compreender como agentes autodeclarados de direita e/ou conservadores constroem a figura da mulher no Brasil em sua disputa pela democracia. O estudo se justifica pela crescente polarização política e a emergência de discursos antifeministas que influenciam a opinião pública e as políticas de direitos humanos. Esses discursos têm ganhado visibilidade e influência, especialmente através das redes sociais. Analisaremos postagens de redes antifeministas no Instagram e duas peças audiovisuais da produtora Brasil Paralelo: uma sobre feminismo e outra sobre aborto. A escolha dessas fontes se deve à sua popularidade e ao alcance significativo entre os seguidores de tais movimentos. Nosso objetivo é identificar e analisar os elementos narrativos e simbólicos utilizados por esses agentes para moldar a figura da mulher e como essas representações se relacionam com um discurso mais amplo de direitos humanos que desafia o paradigma estabelecido nos tribunais superiores brasileiros e em instâncias internacionais. Por isso, pesquisadores no Brasil e fora falam em discursos "antidireitos" e "antigênero". A análise dessas representações é essencial para entender como se formam e se propagam as ideias que competem com os direitos humanos tradicionais. A metodologia deste trabalho inclui a análise de conteúdo das postagens no Instagram e das produções audiovisuais mencionadas. Utilizaremos técnicas etnográficas, de análise de discurso e análise semiótica para desvelar os significados implícitos e explícitos nas narrativas desses agentes. Além disso, recorreremos à literatura antropológica para contextualizar e interpretar a imaginação social desses grupos. Também será realizada uma revisão bibliográfica abrangente sobre discursos antifeministas e suas influências nas políticas públicas e na percepção social sobre os direitos das mulheres. A hipótese inicial é que a construção dessa figura feminina é crucial para a produção de um discurso sobre direitos humanos que compete com o discurso predominante nos tribunais superiores brasileiros e em instâncias internacionais. Resultados parciais indicam que esses discursos utilizam estratégias de naturalização do papel da mulher, sacrifício e heroísmo para fortalecer suas narrativas, posicionando-se como defensores dos "valores tradicionais" contra um suposto ataque do feminismo e dos direitos humanos progressistas. Observamos que essas estratégias são eficazes na mobilização de seguidores e na construção de uma identidade coletiva em oposição ao movimento feminista.