CESÁREA A DESEJO MATERNO
OBSTÁCULO OU FAVORECIMENTO PARA O PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS?
Keywords:
CESAREAN SECTION, REPRODUCTIVE RIGHTS, WOMEN'S RIGHTS, PARTURITIONAbstract
Dos eventos sociais, o parto é o que mais tem impacto na vivência humana. Antes sendo um momento compartilhado entre mulheres, em que parir ocorria naturalmente, com autonomia da parturiente, atualmente o parto é tratado de forma tecnocrática e robótica. A cesárea, apesar de procedimento crucial para prognóstico materno-infantil positivo, tem sido incentivada, em instâncias sociais, familiares e profissionais, de forma que supera as taxas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, no Brasil. A decisão de passar pela cesariana deve ser cautelosa, demandando autoconhecimento e orientação profissional adequada que atenda as dúvidas da mulher e de sua família. A implementação de recurso como a educação em saúde, durante o pré-natal, possibilita que os fatores de risco da cesariana sejam informados e que o parto natural seja incentivado. A comodidade da cirurgia ao profissional e a premissa de um parto sem dor, podem camuflar o adequado esclarecimento, sobre o processo cirúrgico, fragilizando o acesso efetivo aos direitos reprodutivos. O estudo, em questão, pretende levantar as possíveis influências sobre a decisão materna de programar a cesárea eletiva. Para tanto, esta pesquisa de caráter qualitativo, descritivo e exploratória, tem como campo, um hospital universitário que atende aproximadamente 350 nascimentos por mês, pelo Sistema Único de Saúde no Brasil. Contará com a participação de puérperas que tiveram a experiência da cesárea, por desejo materno, portanto, com gestação de baixo risco, conforme legislação Estadual. O número de participantes se dará a partir da saturação de ideias. A entrevista e a investigação em prontuários serão empregues para a busca dos dados. A análise desses dados será por unidades temáticas emergentes. Com este estudo, se estima que o processo de decisão da mulher para a cesárea eletiva possui influências do meio em que vive, seja social ou pessoal/familiar. Também é observado o papel do profissional diante do acolhimento das dúvidas e expectativas em relação ao parto, de modo que a decisão sobre a forma de parir seja baseada em evidências e esclarecida à mulher. Assim, com base nas relações de poder estabelecidas entre o profissional e a gestante/família, em que o sujeito, profissional da saúde representa o saber técnico e seguro, apropriando-se dessa representação para a persuasão e influência junto à gestante, da pseudo ideia de escolha, da operação cesariana. Em contrapartida, estima-se também que os medos relacionados aos (des)cuidados durante o processo de parturição, revelando a cultura da violência obstétrica, tenha impacto significativo para a ocorrência da cesárea por desejo materno. A comodidade do agendamento para os profissionais e a falácia da autonomia perante a cesárea eletiva, obscurecem os riscos associados à cirurgia e limitam a clareza das informações fornecidas às mulheres. Nesse contexto, obstáculos culturais e técnicos comprometem a assertividade dos direitos sexuais e reprodutivos, já que a apropriação do conhecimento é essencial para o exercício da autonomia.