SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL E A ESTRATÉGIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA
DOI:
https://doi.org/10.29327/1163602.7-554Palavras-chave:
DIREITO À SAÚDE; ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE; PANDEMIA.Resumo
O presente trabalho apresenta resultados sobre a Atenção Primária à Saúde (APS) no contexto da pandemia do Sars-CoV-2 (COVID 19) como estratégia para enfrentamento com enfoque no cuidado integral e considerando os determinantes sociais, econômicos e políticos que envolvem a pandemia no Brasil. O objetivo do trabalho é apresentar quais foram as estratégias realizadas pela APS nos municípios brasileiros afim de identificar a sua relevância para o enfrentamento das iniquidades em saúde diante do COVID 19, a partir do conhecimento e acúmulo teórico sobre a APS no Brasil por meio de bibliografia, legislações e por meio de diversos seminários, fóruns e pesquisas com diferentes sujeitos e em diferentes regiões do Brasil, realizadas pela Rede de Pesquisa em APS no Brasil desde abril de 2020. A partir dos resultados da pesquisa, no cenário da pandemia, a APS no Brasil revelou-se como estratégia fundamental para enfrentamento da crise, com atendimento integral, enfoque comunitário e territorial, buscando compreender as necessidades locais, contribuindo para a prevenção e monitoramento dos casos de COVID 19. Sobretudo, revelou a importância do trabalho multidisciplinar e a busca por novas formas de garantia do cuidado em saúde são fundamentais, como a definição de novos fluxos, garantia da atenção à saúde por meio do tele atendimento, proteção adequada dos trabalhadores e suporte psicológico para profissionais da linha de frente. Outro ponto importante que revela a potencialidade da APS a partir dos relatórios analisados, foi o fortalecimento e a articulação com movimentos comunitários, reforçando a participação social em saúde, dando voz a população para que as reais necessidades em saúde fossem atendidas, visando o cuidado integral e os determinantes sociais na saúde, uma vez que, além do adoecimento, a vida da população também estava marcada por profundas desigualdades sociais que interferiram diretamente na sua proteção e recuperação da saúde. A articulação da política de saúde com outras políticas sociais também foi fundamental para o desenvolvimento de ações junto à comunidade, buscando compreender a realidade social da população e atendendo as demandas sociais no sentido de um cuidado na perspectiva da integralidade das ações e serviços. As diferentes estratégias adotadas ao longo da pandemia em diferentes regiões e contextos nos dão a dimensão da potencialidade dessas ações para o enfrentamento coletivo da doença e das iniquidades em saúde, por meio de articulação com outras políticas sociais e cuidado integral. No curso da pandemia, o SUS relevou a sua potencialidade assim como seus desafios frente ao desfinanciamento. A partir das experiências vivenciadas pelos trabalhadores e gestores que atuaram na linha de frente no combate a pandemia, articulado com a população por meio da participação social, é possível traçar estratégias de fortalecimento e resistência do SUS. O futuro exige ações que possibilitem mudanças estruturais na forma de gestão da saúde no país, garantindo os recursos necessários e a defesa da APS forte e resolutiva. Essa mudança estrutural só será possível a partir da análise crítica da realidade e ação conjunta com movimentos sociais, de defesa direitos e com espaços deliberativos.