PESSOA COM DEFICIÊNCIA, PROJETOS ESPORTIVOS E DIREITOS HUMANOS

RELATO DE UMA POSSIBILIDADE

Autores

  • Lucas Portilho Nicoletti

Palavras-chave:

PESSOA COM DEFICIÊNCIA, ESPORTE PARALÍMPICO, INCLUSÃO, DIREITOS HUMANOS

Resumo

A inclusão da Pessoa com Deficiência (PCD) é um processo fundamental para o desenvolvimento da Humanidade a partir do paradigma do Direito à Inclusão e da Inclusão como um Direito Humano. Fundamentado nesse pressuposto, o objetivo desse resumo é relatar as experiências do projeto Centro de Referência Paralímpico de Roraima, uma parceria da Universidade Estadual de Roraima com o Comitê Paralímpico Brasileiro. O projeto começou em 2019 e imediatamente agregou uma série de instituições e sujeitos inseridos no movimento pelo acesso, permanência e desenvolvimento da Pessoa com Deficiência na sociedade roraimense. Grupos de crianças, adolescentes, jovens adultos, adultos e idosos se inseriram nas diversas modalidades esportivas oferecidas: Basquete em Cadeira de Rodas, Atletismo Paralímpico, Natação Paralímpica, Parabadminton, Tênis de Mesa Paralímpico, Tiro ao Arco Paralímpico e Halterofilismo Paralímpico, permanecendo nelas. Durante estes anos de vigência do projeto alguns pontos merecem destaques positivos: a) aumento do número de Pessoas com Deficiência atendidas, de 30 em 2019 para 105 em 2024; b) construção de objetivos em relação ao acesso, permanência e desenvolvimento, visto que as PCDs em idade escolar vem participando anualmente de várias competições em Roraima e atingindo os índices necessários para competirem nacionalmente, como por exemplo, os Jogos Escolares Paralímpicos Brasileiros, disputados no Centro de Treinamento Paralímpico (CTP), na cidade de São Paulo, o que para muitos constitui a única possibilidade de conhecerem outros lugares e pessoas; c) convocação dos PCDs que obtiveram índice para o Camping Escolar Paralímpico, evento desenvolvido no CTP durante uma semana para as crianças e adolescentes destaques nos Jogos Escolares Paralímpicos Brasileiros; d) elegibilidade para receberem ajuda financeira por intermédio das bolsas atletas municipais e federais; e) construção de grupos de apoio entre os PCDs, suas famílias e demais famílias que vivem os mesmos dilemas e enfrentamentos relativos ao processo de inclusão no cotidiano; f) inclusão de refugiados imigrantes venezuelanos com deficiência nos grupos de treinamento e convívio junto aos brasileiros, o que ao nosso ver é, senão o principal, uma das principais materializações cotidianas do processo de inclusão pretendido por meio do Esporte Paralímpico no projeto. Após realçarmos aquilo que consideramos positivos, iremos pontuar alguns elementos que dificultam a manutenção e ampliação do projeto. Primeiro: falta de sensibilidade e compromisso do Poder Executivo Estadual quanto à acessibilidade dos PCDs aos espaços públicos de treinamento e convívio entre eles. Segundo: fragilidade da Política Pública Estadual efetiva que garanta a aquisição de bens de consumo, além de custeio do transporte aéreo para as competições fora do Estado. Terceiro: limitação referente a seleção de profissionais qualificados para trabalhar com os PCDs e as modalidades Paralímpicas, além da baixa remuneração destes profissionais. Depois de apresentarmos os pontos positivos e negativos alusivos ao projeto para Pessoas com Deficiência, gostaríamos de afirmar que o Esporte Paralímpico pode ser um meio que permita o acesso, a permanência e o desenvolvimento das Pessoas com Deficiência na sociedade, mas para isso alguns dos pontos positivos precisam ser ampliados e as limitações serem assumidas, enfrentadas e superadas coletivamente, através do diálogo propositivo.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On125 - DIREITOS HUMANOS, ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO