BEBÊS PREMATUROS E PRIMIPARIDADE

INTERFACES DA INTERAÇÃO DIÁDICA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Autores

  • Veronica Aparecida Pereira

Palavras-chave:

maternidade, prematuridade, vindulação

Resumo

O desenvolvimento de estudos e intervenções junto à primeira infância pode contribuir para práticas parentais que promotoras de vínculo e geram melhores condições de desenvolvimento infantil, com repercussões positivas para toda a família. Nesse estudo, levanta-se a hipótese de que a transição para a parentalidade e a prematuridade são fatores que podem interferir na dinâmica familiar, com impactos para o desenvolvimento infantil. Nesse contexto, buscou-se avaliar o efeito da prematuridade e da primiparidade na interação mãe-bebê. Participaram do estudo 46 díades mãe-bebê. Os bebês nasceram com idade gestacional entre 31 e 41 semanas (média 37,52, DP 2,29), peso entre 1195 e 3850 gramas, tempo de internação de até 10 dias e 60,9% eram meninos. As mães tinham idade entre 19 e 42 anos (M 28,97, DP 6,90), com escolaridade entre 7 e 19 anos (M 13,69, DP 3,09). A maioria das mães eram primíparas (67,%) e planejaram a gravidez (54,3%). A via de nascimento mais frequente foi a cesariana (78,3%) e houve predominância de nascimentos a termo (71,7%). Os dados foram extraídos de um banco de filmagens, de estudos conduzidos com mães que tiveram seus filhos no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados e na Maternidade Santa Isabel (Bauru-SP), de 2018 a 2020. Foram analisados 46 vídeos com o protocolo Interadíade, que identifica a ocorrência e duração de comportamentos emitidos pelo bebê e pela mãe durante a filmagem do paradigma Still-Face (nove minutos), organizado em três episódios: Episódio 1 - play, mãe e bebê mantém contato visual e interagem livremente (sem uso de objetos); Episódio 2 - Still-Face: mãe interrompe a interação por até três minutos; Episódio 3 - Reunião: mãe retorna a interação com o bebê. Considerando a interrupção da interação uma condição estressante, avalia-se no retorno às condições de autorregulação do bebê e o repertório da mãe para acalmá-lo e retomar a interação. Conduziram-se análises multivariadas, comparando-se as interações aos três, seis e nove meses do bebê, verificando o efeito dos fatores prematuridade e primiparidade.  Observou-se que os bebês pré-termo apresentaram menos comportamentos negativos durante o Episódio 1. As mães primíparas tiveram bebês com menos comportamentos negativos nos Episódios 1 e 3. Não houve interação do efeito dos dois fatores em comum. Porém, as mães primíparas tiveram mais partos pré-termo, e pode-se considerar que seus bebês expressavam menos condição de desconforto, exigindo mais atenção às suas necessidades. A análise dos vídeos indicou mais comportamentos positivos de interação das mães com bebês, indicadores de boa vinculação parental, mesmo quando os bebês eram pré-termo e as mães primíparas. A orientação parental, oferecida após as filmagens, pode ter promovido a responsividade parental, o que se mostra como um fator importante para a garantia de desenvolvimento pleno na primeira infância, principalmente com crianças que apresentem alguma vulnerabilidade.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On66 - DIREITOS DA CRIANÇA PARA O DESENVOLVIMENTO PLENO NA PRIMEIRA INF