UM OLHAR CRÍTICO SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS E OS DIREITOS HUMANOS SOB O FILTRO DA ARTE

OS K-DRAMAS

Autores

  • Ana Clara de Souza Faria Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Luciana da Silva Teixeira Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

DIREITOS HUMANOS, K-DRAMAS, POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS

Resumo

Quando se discute direitos humanos, a primeira ideia que remonta ao leitor é a questão de dignidade e igualdade. Hoje, na perspectiva amplamente debatida da globalização e da era digital, há uma difusão em larga escala do ideal de globalismo e a imposição de direitos construídos por uma estrutura dominante sobre os demais povos, sobretudo das ideias e crenças estadunidenses e europeias. De forma semelhante, quando se põem em debate as políticas públicas, remonta-se, a priori, a uma ação ou omissão através de uma ação pública, cuja principal premissa é dar enfoque aos grupos minoritários e pessoas invisibilizadas. Dessa forma, ao se abordar questões relacionadas às pessoas com deficiência, suscitam-se, em um primeiro momento, argumentos quanto à acessibilidade e inclusão, através de um senso comum de luta pela garantia de direitos mínimos como saúde, educação e mobilidade urbana. No entanto, pouco se fala ou se debate sobre o acesso à cultura, arte e lazer e representatividade nessas produções. Os k-dramas, ou dramas sul-coreanos, geralmente são construídos em contrário às mídias hollywoodianas, uma vez que evocam uma perspectiva localista globalizada, de baixo para cima, tendo sido uma ferramenta fundamental para inserir a vida de pessoas com deficiência, especialmente aquelas com deficiências visuais, auditivas e intelectuais, demonstrando com sensibilidade suas dificuldades e desafios em uma sociedade capacitista, trazendo ao público a compreensão de que se trata de um grupo minoritário de pessoas que merecem respeito e atenção do poder público quanto às adversidades impostas a elas em uma sociedade de capitalismo. O k-drama “Uma Advogada Extraordinária” introduz a perspectiva de vida de Woo Young Woo, uma advogada que possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). A partir dessa obra midiática, observa-se que, apesar de todas as questões inerentes ao seu universo e preconceitos, trata-se de uma profissional de excelência, demonstrando que sua deficiência não impede sua capacidade produtiva e profissional, mas sim que há barreiras e estereótipos que precisa enfrentar diariamente, sendo questionada durante toda a sua vida quanto à sua capacidade, em detrimento do fato de ser uma pessoa com TEA. Quando trazemos para a perspectiva da educação, tomando ainda como exemplo o referido k-drama, é possível questionar quantos espaços acadêmicos possuem estrutura e profissionais capacitados para o desenvolvimento pleno de pessoas com autismo, desde o ensino básico infantil até as pós-graduações do ensino superior. Esses são formas de ensino que moldam as pessoas para o mercado de maneira ser útil, Devido ao fato de incluírem pessoas com deficiência que, em uma visão capacitista, desviam do que é considerado normal e preferível, o ensino não abarca essas pessoas. Dessa forma, a partir de uma visão crítica dos direitos humanos e das políticas públicas, pretende-se analisar como as pessoas com TEA são representadas no meio audiovisual e como essas produções podem transformar as demandas dessas pessoas em problemas públicos para a formulação de políticas públicas, através de um teste de hipótese por meio de k-dramas.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On39 - DIREITOS HUMANOS ENTRELAÇANDO ARTE, LITERATURA E POLÍTICAS PÚBLI