A SAÚDE MENTAL DOS EMPREGADOS E A BUSCA DE UM MEIO AMBIENTE SAUDÁVEL

UM OLHAR DA PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL E DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Autores

  • Eduardo Augusto Gonçalves Dahas Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Faculdade Pitágoras Unidade Antônio Carlos

Palavras-chave:

ASSÉDIO MORAL, SAÚDE MENTAL, DIREITO DO TRABALHO, PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL, MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Resumo

O presente ensaio visa analisar como os efeitos do meio ambiente do trabalho afetam na saúde mental dos empregados e como a psicologia e a mediação podem auxiliar na manutenção de um bem estar organizacional e um ambiente saudável. A questão do assédio sempre foi uma preocupação nas relações de trabalho, mas raramente pelas empresas que muitas vezes preocupadas com os resultados econômicos imediatos, não percebiam os impactos à longo prazo decorrente desta prática, eis que existe um prejuízo efetivo na produtividade sempre que o empregado está descontente com as condições de trabalho, além do passivo trabalhista que repercute no crescimento das ações trabalhistas que tem o assédio como objeto. Além da questão econômica, o nível de absenteísmo vem aumentando exponencialmente em razão do elevado número de afastamentos decorrentes de doenças relacionadas à saúde mental do trabalhador, muitas vezes associada ao meio ambiente de trabalho e a prática permanente de assédio. Esta pesquisa se justifica, pois, em 2021, foi apontado pela plataforma do Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho que os transtornos mentais foram a terceira maior motivação para afastamento do trabalho no Brasil, sendo que, mais de 13 mil brasileiros tiveram como motivos para a concessão de benefícios previdenciários acidentários causas mentais, comportamentais e nervosas.  Além disto, somente em 2021, mais de 50 mil casos de assédio moral e mais de 3 mil casos de assédio sexual foram ajuizados na Justiça do Trabalho conforme dados fornecidos no I Encontro de Comissões ou Subcomitês de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação no Poder Judiciário, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ.  Estes dados atestam um aumento significativo dos afastamentos decorrentes do Código B-91 relacionados à saúde mental dos trabalhadores, ressaltando que a depressão, o transtorno do estresse pós-traumático, transtorno adaptativo e a ansiedade generalizada são as doenças psiquiátricas mais frequentemente diagnosticadas em pacientes que sofreram assédio moral, segundo a Organização Mundial de Saúde. Considerando o problema central da pesquisa pretende-se apresentar um modelo específico de mediação organizacional, distinto do modelo tradicional aplicado pelo judiciário e nas demais relações privadas extrajudiciais  e com elementos da psicologia comportamental exatamente em razão da natureza do conflito trabalhista, principalmente nas questões afetas à assédio, de forma a verificar se em razão da utilização deste modelo consensual, será possível a redução do passivo trabalhista e das doenças ocupacionais relacionadas à saúde mental dos empregados, pois muitas delas decorrem do meio ambiente de trabalho inóspito. E para se alcançar a hipótese trazida, será utilizado o método hipotético-dedutivo e indutivo analisando não apenas os princípios que norteiam as relações de trabalho, mas lições da psicologia comportamental, da terapia sistêmica e de grupo, da neurociência e da neuropsicologia, e principalmente a apresentação de um modelo de  mediação no âmbito organizacional pode reduzir as ações trabalhistas em desfavor do empregador, reduzir os afastamentos decorrentes das doenças relacionadas à saúde mental dos empregados e com isto mitigar o passivo econômico, o absenteísmo e aumentar a produtividade.

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO On 37 - DIÁLOGOS CONSTITUCIONAIS E(M) CRISE DE EFETIVIDADE: ANÁLISE DE