PERSPECTIVAS SOBRE O ACESSO DE MULHERES COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Palavras-chave:
GRADUAÇÃO, GÊNERO, DEFICIÊNCIAResumo
Historicamente, o acesso de pessoas com deficiência à educação é um tema imerso em muitos componentes que envolvem padrões de exclusão, segregação e distanciamento. Para as mulheres com deficiência há variáveis que aprofundam as desigualdades, entre elas a condição de deficiência e gênero. No Brasil, o acesso de mulheres aos bancos acadêmicos é registro relativamente recente. Guedes (2008) indica que, até meados dos anos 1960 elas compunham média de 25% do total das matrículas registradas. Os números reforçam indicadores dos papéis sociais que historicamente foram/são determinados a homens e mulheres, sendo a reinvindicação pelo acesso à educação, uma das principais bandeiras do movimento feminista para conquista de direitos sociais. Das mulheres que conseguiam acesso à educação formal o curso normal e a formação de professoras eram considerados destinação vocacional. Somente com a industrialização promovida no cenário característico do padrão de desenvolvimento nacional – com a abertura ao capital internacional- as relações que se estabeleceram entre Estado e sociedade, refletiram-se em reformas na educação e exigências de ampliação do contingente de mão-de-obra “qualificada” para o mercado de trabalho. A década de 1970 constitui-se num “marco” para a democratização, expansão e aumento de vagas no ensino superior, iniciando-se um processo de alteração entre quantidades de matrículas de homens e mulheres. Atualmente, as mulheres ocupam a maior parcela de vagas em instituições de Ensino Superior, correspondendo a 58,1% do total de matrículas de graduação em cursos presenciais (BRASIL, 2021). Contudo, podemos observar que este fenômeno esbarra na divisão da ciência e da produção do conhecimento, de forma refratada e desigual, em áreas do saber destinadas a homens e mulheres, o que demonstra um padrão machista e androcêntrico da produção deste conhecimento, contribuindo, assim, para a continuidade da reprodução das desigualdades entre os sexos. (LOPES,2018). No contexto atual, a educação superior brasileira está regulamentada pela Lei 9.394/96, e caracterizada como um dos níveis escolares que confere incentivo a pesquisa e níveis científicos e reflexivos para formar diplomados nas diversas áreas de atuação para mercado de trabalho. Ocorre em cursos de graduação e pós-graduação, além de programas de extensão. O trabalho objetiva apresentar perspectivas do acesso de mulheres com deficiência aos cursos de graduação públicos do estado de Sergipe, no Brasil. Além de contemplar elementos teóricos que possibilitem reflexões sobre o debate, apresentando dados que caracterizam um breve panorama sobre esta realidade. Sua construção teórico-metodológica fundamentou-se em produção bibliográfica e coleta de dados quantitativos, a partir de dados públicos que revelam indicadores de uma realidade que ainda discrimina e reforça estereótipos capacitistas representados pela discrepância no número de matrículas de mulheres com deficiência em relação às matriculas de mulheres sem deficiência, bem como, a predominância de gênero em relação as áreas de formação profissional.