LEGALIZAÇÃO DO ABORTAMENTO E A SOFISTICAÇÃO DE NECROPOLÍTICAS EM CONTEXTO DE GUERRA RACIAL DE ALTA INTENSIDADE
Palavras-chave:
ABORTO, GUERRA RACIAL DE ALTA INTENSIDADE, JUSTIÇA REPRODUTIVA, SUPREMACIA BRANCA, FEMINISMOSResumo
Este estudo se elabora em torno da retomada da narrativa histórica de mulheres negras ligadas ao trabalho comunitário organizativo liderado pelo Movimento Negro Unificado (MNU).. Perpassa por questões subjetivas intensas como a relação do povo preto com a maternidade, com a paternidade em contexto de direitos reprodutivos no Brasil convocando a noção de Guerra Racial de Alta Intensidade do intelectual Fred Aganju no sentido de caracterização de padrões de mortandade física e existencial tracejando assim uma análise multireferenciada e multifocada dos dispositivos necropolíticos. Disscute como o abortamento é uma tática de sofisticação e aprimoramento das tecnologias e experiências de morte empreendidas pela supremacia branca e sua linha auxiliar contra o povo preto, como foi na esterilização em massa de mulheres negras na década de 70 no Brasil. Este estudo é uma abordagem qualitativa, fazendo análise do discurso e dos mecanismos do Estado brasileiro para controle populacional, trazendo casos, documentos e pesquisas para visualizar a experiência negra brasileira com políticas de planejamento familiar, envolvendo análise de dados sob elaborações teóricas necropolíticas, identificando os padrões de mortandade física e psicoemocional que caracterizam a legalização do abortamento enquanto um dispositivo de Guerra Racial de Alta Intensidade. O estudo traça como a legalização do abortamento precisa ser repensada dentro de uma configuração de necropolítica e corpos sitiados. Oferecendo um panorama de como as linhas auxiliares ocupam um papel central na mediação da relação entre comunidades racializadas e a política do abortamento. Principalmente, visto que a agência das necropolíticas se dá no processo de sofisticação do racismo enquanto tecnologia de morte, perpassando por caminhos e meandros que demonstram e sustentam a hierarquia, os signos e a engenharia do regime de poder da supremacia branca. Aqui retoma-se a narrativa histórica de mulheres negras ligadas ao MNU (Movimento Negro Unificado) e insere a discussão no bojo das agendas radicais negras atuais, contribuindo para o tracejo de estratégias de enfretamento ao genocídio para organizações compromissadas com o trabalho comunitário organizativo e desvelando a lepidez e sociogenia das violências vividas nas comunidades racializadas.