SERVIÇO DE ACOLHIMENTO EM FAMÍLIA ACOLHEDORA

FLORAÇÕES ENTRE VÍNCULO, DESENVOLVIMENTO E COMUNIDADE DE CUIDADOS

Autores

  • JULIA SALVAGNI Universidade de Brasília

Palavras-chave:

ACOLHIMENTO FAMILIAR, VÍNCULO AFETIVO, COMUNIDADE DE CUIDADOS, POLÍTICA PÚBLICA

Resumo

Este trabalho trata dos resultados de um percurso de doutoramento, cujo estudo mapeou o processo de implementação e execução da política de acolhimento em família acolhedora no Distrito Federal - Brasil, considerando o impacto da medida protetiva judicial de afastamento da família de origem nos diversos núcleos envolvidos. Em seguida, trata da intervenção estatal em contextos de violação de direitos de crianças e adolescentes e analisa pontos da legislação e execução de políticas públicas, enfocando no direito à convivência familiar e comunitária e no funcionamento da Política Nacional de Assistência Social, ressaltando a particularidades do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora. É um trabalho que traça a importante discussão dos vínculos afetivos e das interseccionalidades diversas sob as quais eles são analisados, ou pelas quais não são considerados, dentro do trabalho com garantia de direitos e convivência familiar e comunitária no Brasil. Para alcançar os objetivos foi utilizada uma metodologia qualitativa, inspirada no método cartográfico. Os procedimentos e instrumentos envolveram entrevistas, análise de diários de campos e da implicação da própria pesquisadora com o campo de pesquisa. A análise dos dados permitiu a construção de um mapa da execução do SFA no Distrito Federal, cuja representação foi feita através de um paralelo com as temporalidades e características das florações das cinco espécies de Ipês existentes no cerrado. A primeira floração, a roxa, refere-se a equipe técnica, nesta sessão discute-se a centralidade dos profissionais na implementação e disseminação do serviço, bem como os impactos dessa execução em suas concepções éticas e profissionais. Em seguida, analisa-se as famílias em um paralelo com os Ipês Rosas, que tem como marca uma florada mais duradoura, tal qual as famílias (de origem e acolhedoras) que atravessam diferentes momentos e etapas de um SFA e do próprio processo das crianças e adolescentes acolhidos. Aqui há uma leitura relevante sobre a necessidade de olhar para a possibilidade de discutir-se adultos que cuidam em rede e não de forma segmentada e isolada. Na sessão dos Ipês amarelos, trata-se das crianças e sua potencialidade a partir de trocas que sejam afetivas e respeitosas de sua história. É nesse processo que há a floração de sua exuberância. Os Ipês brancos são as institucionalidades que se conectam com o SFA, em uma relação tensionada pela demanda de mudança de paradigma e adoção de uma postura dialógica e afetiva, ainda que dentro de uma institucionalidade. Por fim, a florada do Ipê verde conta dos atravessamentos da pesquisadora com o campo, devido à sua atuação como coordenadora do SFA no Distrito Federal. O trabalho trata de necessidade de uma articulação qualificada do tema da amorosidade nas políticas públicas, bem como isso pode ser constituidor da consolidação de uma ética de corresponsabilização pelos direitos da infância e da adolescência. 

Publicado

02.10.2024

Edição

Seção

SIMPÓSIO P22 - O DIREITO DE TER E SER FAMÍLIA: SOBRE A VIOLAÇÃO E A EFETIVIDADE