INFÂNCIA, CRIANÇA E EDUCAÇÃO INFANTIL
PASSOS E DESCOMPASSOS HISTÓRICOS E PEDAGÓGICOS
Palavras-chave:
Educação, Educação infantil, Infância, Direitos HumanosResumo
A Educação Brasileira passou por profundas transformações estruturais, sobretudo a partir do movimento político e social que culminou na promulgação da Constituição Federal de 1988. Podemos reconhecer que este momento e esta realidade política e jurídica é um divisor de águas na história da Educação Brasileira. A Constituição de 1988 é a chamada Constituição Cidadã, por marcar uma nova etapa política e jurídica da sociedade brasileira. Consequentemente, a educação brasileira também se alteraria a partir desta nova constituição. Em outras páginas constitucionais e históricas já havia a proclamação da educação como direito, mas não havia, na verdade, medidas efetivas e reais para a consolidação desse direito. De 1988 para cá a educação tem lutado para se constituir como direito de todos os cidadãos e cidadãs do Brasil. Decorrente dessa nova organização a Educação Infantil mudou radicalmente de identidade. As instituições de acolhimento às crianças, as creches, juntamente com as chamadas pré-escolas, até a promulgação da Constituição eram vinculadas às Secretarias de Assistência Social ou vinculadas às Secretarias de Atendimento à Famílias, quase sempre reportadas mais como unidades de assistencialismo do que efetivamente uma legítima agência educacional. A Constituição de 1988 integrou a Educação Infantil ao sistema educacional escolar do Brasil. Esta realidade tem duas faces, por um lado isso é um avanço, dado que reconhece o caráter educacional da infância, por outro lado há um sério risco, na direção de colonizar a infância com as marcas da educação escolar tradicional. Nossa pesquisa quer considerar esta encruzilhada histórica e pedagógica: busca debater essa nova identidade da Educação Infantil. Discutir a infância. Como ensinar criança pequena, políticas públicas, discutir educação como direito. Debater políticas recentes, inclusão. Explicitar as diferenças entre a BNCC (2017) e a concepção de Reggio Emilia na realidade brasileira. Buscaremos constituir os fundamentos históricos, as matrizes políticas e as principais ideias pedagógicas que circunscrevem a formação da Educação Brasileira, com destaque para a construção da Educação Infantil e de seus diversos sentidos e disposições. Entendemos que cabe à Filosofia a tarefa de ser radicalmente crítica e de constituir uma visão de conjunto, na busca da totalidade, de modo a expressar um vir-a-ser, uma possibilidade de transformação da realidade. Fazemos pesquisas para buscar transformar o mundo. Nosso trabalho vai se pautar pela pedagogia crítico-dialética que, segundo GAMBOA (2018), busca entender o fenômeno educacional a partir da sua constituição histórico política e compreende que o pesquisador não é neutro, ao fazer uma pergunta ele já tem uma visão de mundo, uma promessa de resposta. Então, as chamadas epistemologias e pedagogias críticas-dialéticas pretendem questionar (crítica) a realidade para que ela seja transformada.