AS AÇÕES DO BRASIL PARA REDUZIR A DESIGUALDADE DE GÊNERO NAS CIÊNCIAS
UM ESTUDO SOBRE O IMPACTO DAS CRISES POLÍTICAS E A NECESSIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS DE ESTADO
Palavras-chave:
DESIGUALDADE DE GÊNERO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, PACTO INSTITUCIONALResumo
Este artigo tem como objeto realizar levantamento bibliográfico e de dados sobre a inserção de mulheres nas ciências exatas e tecnológicas, visando refletir criticamente sobre os desafios persistentes enfrentados nos estudos de gênero, políticas públicas e projetos de combate às desigualdades de gênero. O conceito de gênero é central na análise das disparidades na participação de homens e mulheres em diversas áreas do conhecimento e carreiras acadêmicas e profissionais. A relevância deste trabalho consiste em demonstrar que, apesar de terem conquistado igualdade do panorama geral dos cursos superiores, as mulheres continuam sub-representadas nas ciências exatas e tecnológicas, enquanto áreas como saúde e humanas mostram maior participação feminina. Do ponto de metodológico, a análise é baseada em estudos bibliográficos e qualitativos, abrange consultas a diversas fontes acadêmicas e institucionais. Destaca-se que as desigualdades de gênero na educação não se limitam a indicadores quantitativos, mas incluem processos de socialização, escolarização e escolha de carreira, resultando em disparidades salariais e de reconhecimento social. No Brasil, iniciativas governamentais e da sociedade civil nos últimos vinte anos têm buscado promover a equidade de gênero, apesar dos desafios exacerbados por crises políticas e econômicas recentes. O objetivo é demonstrar que, apesar disso, persistem sérias desigualdades de gênero nas ciências e na educação, com impactos negativos no desenvolvimento social, científico e econômico do país, conforme indicam estudos recentes. Por exemplo, em 2017, apenas 29,3% dos estudantes de engenharia e cerca de 15% dos estudantes de ciências da computação no Brasil eram mulheres, evidenciando a segregação contínua. Como política de inclusão, o Programa Mulher e Ciência lançado em 2005 visava apoiar mulheres nas ciências por meio de editais de fomento, promovendo parcerias entre universidades e escolas públicas e oferecendo bolsas de iniciação científica. No entanto, políticas voltadas a gênero e ciências foram descontinuadas a partir de 2018, com exceção de projetos como "Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação". Como proposta de resultado, chega-se à conclusão de que é crucial reconhecer o gênero como indicador fundamental na educação e desenvolvimento curricular, desafiando um paradigma androcêntrico que perpetua a segregação e exclusão das mulheres em áreas de conhecimento e carreiras científicas. Além disso, é necessário atribuir status legal às políticas de combate à desigualdade de gênero nas ciências e tecnologias no Brasil, além de um pacto institucional federativo, pois instabilidades políticas e econômicas as têm como primeiros alvos, perpetuando o cenário posto.