A DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E A DISCRIMINAÇÃO NA (RE)INSERÇÃO DE MULHERES APÓS A MATERNIDADE
Palavras-chave:
MATERNIDADE, MERCADO DE TRABALHO, DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO, DISCRIMINAÇÃO DE GÊNEROResumo
Não tem sido incomuns mulheres que são mães relatando discriminação no momento de entrevistas de empregos, especialmente quando se trata de mães cujos filhos possuem alguma deficiência física ou intelectual, chamadas mães atípicas. A discriminação da mulher no mercado de trabalho é um tema antigo e ainda persistente na sociedade. Quando as mulheres são mães, essa discriminação se torna ainda mais crítica. Muitas vagas são preteridas para pessoas que não possuem filhos. Perguntar com quem as crianças ficarão durante o período de trabalho, qual a idade das mesmas ou se alguma delas têm deficiência traduz viés discriminatório em uma entrevista de emprego. Quando ocorre uma seleção com alguém do gênero masculino, questionamentos como esses são completamente ignorados. O objeto do presente trabalho é investigar a relação da divisão sexual do trabalho com a discriminação na (re)inserção da mulher no mercado após a maternidade no contexto brasileiro, examinando como essa fase impacta na continuidade ou interrupção das carreiras profissionais. A relevância do tema consiste na percepção de que a exclusão de mulheres do mercado de trabalho após a maternidade tem impactos negativos profundos, pois gera perda de oportunidades de desenvolvimento profissional e, como consequência, salários cada vez menores. Isso contribui para a perpetuação da desigualdade de gênero e reforçam os estereótipos negativos sobre o papel da mulher na sociedade. Compreender esses desafios é um passo importante para desenvolvimento de políticas públicas de inclusão e igualdade de oportunidades. Os objetivos pretendidos são constatar os obstáculos identificados para a reinserção das mães no mercado de trabalho, analisar a legislação aplicável ao tema, investigar de que forma a divisão sexual do trabalho influencia as escolhas profissionais das mulheres após a maternidade bem como discutir quais medidas podem ser tomadas para minimizar os impactos da discriminação materna. A metodologia a ser utilizada é a pesquisa bibliográfica e documental dos últimos cinco anos correlatas ao tema, incluindo dados estatísticos oficiais. As hipóteses trabalhadas são de que a divisão sexual do trabalho perpetua a desigualdade salarial entre homens e mulheres e contribui para a segregação profissional do público feminino e, também, que as discriminações enfrentadas pelas mulheres durante o processo de reinserção no mercado de trabalho são fruto de um preconceito de gênero e podem ser minimizadas com a adoção de políticas públicas de apoio a paternidade e à maternidade, tais como equilíbrio de tempo entre as licenças maternidade e paternidade. Como resultados parciais, é possível observar que as mulheres sofrem discriminação com base em estereótipos de gênero e apresentam dificuldades em avançar com suas carreiras após a maternidade. Isso é fruto de uma ideia enraizada da divisão sexual do trabalho, que atribui à mulher a responsabilidade unilateral pelo cuidado com a prole e com a família. As consequências dessa segregação são observadas pela quantidade baixa de mulheres com empregos formais após a maternidade e pela disparidade salarial entre os dois gêneros. Contudo, políticas de promoção de igualdade de oportunidades no mercado de trabalho são relevantes para reverter esse quadro.