SEGREGAÇÃO EM JERUSALÉM

OS DESDOBRAMENTOS DA POLÍTICA EXTERNA DE DONALD TRUMP NA PALESTINA

Authors

  • Tatiana de Almeida Freitas Rodrigues Cardoso Squeff Universidade Federal de Uberlândia

Keywords:

Direitos Humanos, Donald Trump, Israel, Jerusalém, Palestina

Abstract

Em meio às disputas sobre o Oriente Médio, Jerusalém se tornou uma cidade internacional em 1947, conforme o Plano da Organização das Nações Unidas para Partilha da Palestina. Este trabalho visa estudar as violações aos direitos humanos promovidas pelas políticas segregacionistas contra os habitantes árabes de Jerusalém Oriental - tais políticas se tornaram evidentes após 1967, quando a região foi ocupada por Israel. Até 2016, mais de 14.000 palestinos foram forçosamente retirados da cidade, acusados de representarem riscos à segurança e de não se integrarem com a comunidade local. Não é possível, para eles, obter trabalho formal, participar de casamentos e funerais, entrar e sair livremente dos limites e fazer uso de serviços públicos. Na Cisjordânia, região que circunda o leste de Jerusalém, os assentamentos promovidos por Israel têm sido denunciados à comunidade internacional. Eles consistem em colônias no território cisjordaniano que são protegidas pelo exército e limitam a movimentação de palestinos, expulsando-os de sua terra natal - a negação dos direitos humanos da população árabe é uma viola o direito internacional humanitário, sob os termos da Quarta Convenção de Genebra (1949). Com a vitória de Donald Trump à presidência dos EUA, uma nova era do conflito árabe-israelense se inicia, sobretudo com a decisão de mudar a embaixada estadunidense em Israel para Jerusalém. Reconhecer a cidade como capital fortalece o domínio absoluto dos israelenses sobre os povos árabes que ali habitam. Portanto, esta pesquisa tem como mais um objetivo, isto é, analisar a ação iniciada em 2018 pelo Estado da Palestina na Corte Internacional de Justiça contra os EUA envolvendo a mudança da embaixada para Jerusalém e seus desdobramentos para o Oriente Médio. Para compreender os aspectos legais que sustentam a ação da Palestina na CIJ e a resposta estadunidense, é preciso apresentar um breve contexto histórico do conflito e da Corte e examinar o direito internacional diplomático. No que tange esta pesquisa de natureza aplicada, é preciso um levantamento bibliográfico de obras, artigos e notícias específicas sobre o tema, buscando fundamentar a ilegalidade nas ações de Trump e seus impactos na condição da população árabe de Jerusalém e as alarmantes violações aos direitos humanos no local – que inclui também a Faixa de Gaza. Com o fim do mandato do republicano e a eleição de Joe Biden, democrata, em 2021 para a presidência dos EUA, a situação não obteve melhora, visto que já confirmada a permanência da embaixada em Jerusalém. O crescente número de assentamentos e palestinos expulsos da cidade e a falta de uma perspectiva favorável, tornam improváveis o reconhecimento internacional da Palestina. A relevância deste estudo pode ser vista na continuidade do conflito e na influência que a política externa estadunidense exerce sobre as relações já estremecidas entre árabes e israelenses, pois uma reação em cadeia foi provocada e mais países estão manifestando o desejo de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Trump deixa, como legado, a impossibilidade de um processo de paz benéfico para todas as pessoas que vivem no Oriente Médio.

Author Biography

Tatiana de Almeida Freitas Rodrigues Cardoso Squeff, Universidade Federal de Uberlândia

Professora de Direito Internacional da Universidade Federal de Uberlândia – UFU/MG. Doutora em Direito Internacional pela UFRGS. Mestre em Direito Público pela UNISINOS. Co-cordenadora do GEPDI-UFU/CNPq. Membro da ILA e da ASADIP. ORCID n. 0000-0001-9912-9047; http://lattes.cnpq.br/9206961411279490;

Published

2022-01-06