A (DES)ROMANTIZAÇÃO DA EXAUSTÃO DA MULHER QUE É MÃE SOLO NO BRASIL

Resumo

A antiquada concepção de que a mulher que é submetida a múltiplas jornadas de trabalho é uma heroína, ainda é veemente utilizada pela sociedade, que apesar de globalizada em alguns aspectos, permanece alijada ao acreditar que exaustão física e psicológica é ato de heroísmo. Diante disso, impende observar que o objeto da presente pesquisa é evidenciar por intermédio do método hipotético dedutivo em consonância com uma investigação empírica que as pessoas possuem uma visão apenas macroespacial, transformando em poesia o sofrimento de mulheres ao redor do mundo, sem importar com os inúmeros problemas trazidos por essa situação. Vale frisar que em razão da investigação prévia chegou-se em alguns dados interessantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020 havia mais de 11,5 milhões de mães solo no país, em outros versos, mulheres que são responsáveis por carregar o peso de prover financeira, educacional, emocional e culturalmente seus filhos. O fato é, que, o aumento do número de mães solo no país é um empecilho para a efetivação do objetivo de nº 5 da Agenda 2030, pois a meta da obtenção da igualdade de gênero jaz-se inalcançável num país que os gráficos conduzem em direção inversa à equidade de gênero. Intrinsecamente relevante desromantizar a “mãe guerreira” que na realidade é uma mãe que não possui uma rede de apoio adequada para suprir as tantas funções por esta exercida. O fato de trabalhar cuidando da própria casa, da alimentação, do filho, laborar em emprego externo, não são reconhecidos como forma de trabalho. Perante o exposto, a finalidade desse excerto é evidenciar que a maioria das funções realizadas por estas mulheres são reconhecidas profissões, cada uma enquadrada num cargo distinto, qual seja professora, babá, cozinheira e auxiliar de serviços gerais, porém quando se trata das mães solo, é apenas “um filme de drama romântico” de uma mãe multifacetada, que quando transferido para a ótica da realidade encontramos uma mulher em regime de múltiplas jornadas de trabalho, realizando inúmeras funções, o que ocasiona a exaustão psicológica e física da mulher. A pesquisa se alicerçará em dados quantitativos de coleta de dados, explica-se por meio do método hipotético-dedutivo que entrelaçará as informações com doutrinas e decisões jurisprudenciais. Há uma discriminação que atinge as mulheres que possuem filhos no momento das entrevistas de trabalho, como se tal característica fosse fator incapacitante, as bases constitucionais de proteção aos Direitos das Mulheres não são trazidas para exercício no mundo real, faltam vagas para crianças nas escolas impedindo o exercício do direito constitucional ao labor, ausência de políticas públicas eficazes de promoção da equidade de gênero à longo prazo, sem contar com a crise sanitária mundial que impactou fortemente essas mulheres que quando não possuíam a opção do teletrabalho, tiveram que muitas vezes pedir demissão de seus empregos, circunstância que traz retrocesso numa conquista histórica do mercado de trabalho por mulheres.